Jubileu do Mundo das Comunicações

Roma, 24 a 26 de Janeiro

Entre os dias 24 e 26 de janeiro de 2025, Roma tornou-se o epicentro de uma confluência singular: milhares de jornalistas e profissionais da comunicação – oriundos de 138 países – reuniram-se para o Jubileu do Mundo das Comunicações, o primeiro grande evento do Ano Santo de 2025.

A cidade eterna, com ruas carregadas de história, esteve cheia de vozes com um propósito comum: refletir sobre o papel da comunicação na sociedade contemporânea e procurar de alguma forma renovação espiritual no exercício da profissão.

Para o grupo de 40 portugueses, o primeiro dia contou com um encontro com o cardeal D. José Tolentino Mendonça, que pediu uma maior valorização da dimensão religiosa na informação, destacando a “força” das imagens do pontificado de Francisco.

“A religião continua a ser uma chave determinante para entender o presente. Não se entende o presente sem a religiosa, não se entende a cultura removendo a dimensão religiosa e espiritual”, referiu, num encontro com profissionais portugueses da comunicação, que participam nas celebrações do Jubileu dedicado a este setor.

A presença do grupo de Portugal começou ainda com um diálogo sobre o tema ‘Francisco, um pontificado de esperança’, que com a presença da primeira mulher responsável por um Dicastério na Cúria Romana, a irmã Simona Brambilla, prefeita do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica,

A religiosa destacou a “dimensão simbólica” desta nomeação, que “abre uma reflexão, um diálogo, abre pistas”.

Já o padre Antonio Spadaro, subsecretário do Dicastério para a Cultura e Educação, falou do Papa como alguém “sempre disponível ao diálogo”, tanto no plano geopolítico como a nível das Igrejas cristãs

Mais tarde na Basílica de São João de Latrão, a liturgia penitencial foi seguida de uma missa internacional, celebrada na festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas. Os comunicadores foram convidados a uma introspeção profunda, reconhecendo as falhas e desafios inerentes à prática jornalística.

No dia seguinte, a peregrinação conduziu-os à Basílica de São Pedro, onde atravessaram a Porta Santa, símbolo de renovação e graça. Na AulaPaulo VI, foram brindados com as reflexões de Maria Ressa, laureada com o Prémio Nobel da Paz, e do escritor Colum McCann, que, moderados por Mario Calabresi, partilharam experiências sobre a comunicação como instrumento de esperança.

O ponto alto deu-se com o encontro com o Papa Francisco. Num gesto característico, o Pontífice afastou-se do discurso preparado e falou de improviso, enfatizando que “comunicar é sair um pouco de nós mesmos, para dar algo de mim ao outro”. Sublinhou a responsabilidade dos jornalistas na construção da sociedade e da Igreja, apelando a uma comunicação verdadeira e construtiva.

À tarde, a cidade transformou-se num palco de diálogos culturais e espirituais. Em locais emblemáticos, realizaram-se encontros que exploraram a relação entre comunicação e esperança, destacando o papel dos media na promoção da paz e da democracia.

O Jubileu culminou no domingo, com a celebração da missa do “Domingo da Palavra de Deus”, presidida pelo Papa Francisco na Basílica de São Pedro. Ali, a palavra divina foi exaltada como fundamento para uma comunicação autêntica e inspiradora.

Este Jubileu não foi apenas um evento religioso, mas uma chamada à responsabilidade ética e moral dos comunicadores. Num mundo saturado de informações e, por vezes, de desinformação, Roma ofereceu um espaço de reflexão e renovação, lembrando que, nas palavras do Papa, “comunicar é algo divino”.

Cátia Filipe