São Paulo

Sao-PAulo São Paulo

O patrono proposto para a IV Secção é São Paulo, cuja radicalidade no abraço da novidade evangélica, a obediência no acolhimento da Palavra de Deus e o ardor no anúncio da Boa Nova da ressurreição de Cristo aos gentios são exemplo e estímulo de vida cristã para os Caminheiros.

Notas Biográficas

Paulo nasceu em Tarso (At 22,3), capital da província romana da Cilícia (Ásia Menor – atual Turquia), possivelmente entre os anos 5 e 10 da nossa era cristã. Foi aí que Paulo adquiriu conhecimentos da língua grega e da arte e normas da retórica das diversas escolas de filosofia existentes na sua cidade. Descendia de uma família de hebreus da tribo de Benjamin, que tinha obtido a cidadania romana (Fl 3,5-6).

Tinha, o que era comum à época, dois nomes: Paulo (nome romano) e Saul (nome hebraico, às vezes aparece numa adaptação para o grego como Saulo), o que talvez tivesse a ver com o facto de ter nascido na Diáspora. Este duplo nome permitiu-lhe, com mais facilidade, estabelecer pontes entre o mundo judaico e o mundo pagão.

Em Tarso terá aprendido a fazer tendas, uma profissão que lhe irá permitir dedicar-se, posteriormente, ao serviço gratuito do Evangelho.

Os seus pais, sendo fiéis à lei mosaica, mandaram Paulo para Jerusalém com a finalidade de ser educado aí. Fariseu, fervoroso, recebeu a circuncisão e teve como precetor um dos mais sábios e notáveis rabinos daquele tempo, o grande Gamaliel, neto do ainda mais famoso Hilel, de quem recebeu as lições sobre os ensinos do Antigo Testamento.

Já em Jerusalém, aparece no martírio do diácono Estêvão (pelos anos 36 ou 37), que foi o primeiro mártir da Igreja. Os que apedrejaram até à morte este diácono levaram as suas vestes até aos pés de Paulo que estava a assistir (Ac 7, 58), o que sugere que estaria de acordo com esta execução.

Como judeu exigente e zeloso pelas tradições dos antepassados, não concordava com esta nova “seita” que começava a surgir… Estava disposto a tudo, em defesa da fidelidade a Deus (tão importante para a vida do seu povo). Ele considerava os discípulos de Jesus como um elemento perigoso, tanto para a religião como para o Estado. Quando, precisamente, perseguindo os cristãos, ele e os seus companheiros se dirigiam para Damasco (atual Síria), uma luz vinda do céu, mais brilhante que a luz do sol, caiu sobre ele. Ouviu-se então uma voz que dizia em língua hebraica: «Saul, Saul, porque me persegues?» Respondeu ele então: «Quem és tu Senhor?» E veio a resposta: «Eu sou Jesus a quem tu persegues. Levanta-te e vai à cidade e aí se te dirá o que te convém fazer.»

Os companheiros que o seguiam ouviam a voz sem nada ver, nem entender. Ofuscado pelo intenso clarão da luz, foi conduzido pela mão dos companheiros. Entrou em Damasco e hospedou-se na casa de Judas. Guiado pelo Senhor, o judeu convertido Ananias foi visitá-lo e ao encontrar-se com o grande perseguidor, recebeu a confissão da sua nova Fé. Certo da sua conversão, Ananias impôs-lhe as mãos, Paulo recuperou a vista e foi batizado.

Depois disto foi para o deserto da Arábia, onde esteve três anos. A partir de então, começou a pregar nas sinagogas que Jesus era o Cristo, Filho de Deus vivo. Regressou a Jerusalém, onde sofreu a desconfiança dos que não acreditavam na sua repentina conversão e instalou-se em Antioquia, na Síria, de onde fez três grandes viagens missionárias, de 46 a 58 da nossa era. Nestas viagens passou por vários sítios como Chipre, Panfília, Licaónica, Filipos, Tessalónica, Atenas, Galácia, Éfeso, Macedónia, Mileto e Judeia até ser preso em Cesaréia.

Levado para Roma (numa viagem muito atribulada que contou com um naufrágio junto à ilha de Malta), permaneceu dois anos sob custódia militar, em liberdade condicionada. A liberdade suficiente para receber os cristãos e converter os pagãos. Por ordem de Nero foi condenado à morte, mas por ser um cidadão romano não foi crucificado, antes decapitado.

Além de alguns discursos a ele atribuídos, mencionados nos Atos dos Apóstolos, deixou 13 cartas dirigidas a várias comunidades e a pessoas individuais (embora a autenticidade paulina de algumas dessas cartas seja fortemente questionável e haja indícios de que terá escrito outras cartas que hoje não conhecemos). Nas suas cartas encontramos imensas frases e palavras que retratam bem a sua paixão e entrega ao Amor de Deus.

Não era apóstolo (uma vez que não fez parte dos Doze), mas considerou-se apóstolo e foi mesmo considerado o Apóstolo dos Gentios por causa da sua grande obra missionária nos ambientes fora do judaísmo.

A Igreja celebra a sua conversão a 25 de janeiro e a sua festa a 29 de junho, junto com São Pedro.

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