Dinâmica da Quaresma 2025

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Quaresma!

No seguimento da Oração do Papa Francisco à Imaculada Conceição, a pedir a sua intercessão nas obras em Roma – e em cada um de nós – de preparação para este Jubileu Jovem para o qual corremos a passos largos, surge a urgência da experiência do perdão dos pecados. 

A Páscoa é na sua simplicidade e densidade, uma celebração do triunfo de Cristo sobre o pecado e a morte, revelando o perdão divino e a esperança de uma vida nova. Deste modo, o mistério pascal ilumina profundamente a cruz como sinal de perdão e sinal de esperança. A morte de Jesus na cruz é, antes de mais, um acto de redenção plena. Ele entregou-Se por amor, carregando sobre Si os pecados da humanidade para reconciliar o mundo com Deus. Este sacrifício revela que o perdão não depende do merecimento humano, mas é uma graça oferecida a todos os que se arrependem e acolhem o amor de Deus, tornando este sacramento disponível para cada um de nós “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lc 23,34).

A Quaresma é o tempo ideal para meditar sobre como o perdão e a esperança se entrelaçam no mistério pascal. Com os olhos fixos na Páscoa, somos chamados a uma conversão profunda, deixando-nos transformar pela misericórdia de Deus e renovando a nossa confiança na Sua promessa de vida eterna. O perdão dos pecados liberta-nos do peso que nos prende ao passado, abrindo o caminho para a esperança de um futuro renovado. Tal como os discípulos experimentaram a transformação do medo em alegria ao encontrarem o Cristo Ressuscitado, também nós podemos experimentar a paz que brota do perdão e da certeza de que Deus caminha connosco.

Sabendo-nos filhos amados de Deus que nos dá o perdão nesta Páscoa, é importante continuar a peregrinar na Esperança em direção ao Jubileu de 2025. A ressurreição de Cristo ao terceiro dia é o coração da esperança cristã. Ela lembra-nos que a morte não é o fim e que, tal como Cristo venceu a morte, aqueles que n’Ele confiam têm a promessa de uma vida eterna. A ressurreição é um convite para deixar para trás o “homem velho”, marcado pelo pecado, e abraçar uma nova vida de graça, de paz e de comunhão com Deus.

Por isso, nesta dinâmica fica o desafio de continuar a peregrinar e de fazer o caminho “Da Cruz à Esperança”.

Lançamos esta primeira parte de uma proposta de caminhada até ao Domingo de Páscoa, que após e encadeando o desenvolvido até aqui será complementado com uma segunda parte de caminhada até ao Pentecostes. Nesta certeza de que será objeto de nos aproximarmos a um caminho jubilar para a esperança, sendo seres de mudança e não meros espectadores.

PROPOSTA

Continuar o Diário do Peregrino
A proposta é simples! Se no Advento éramos convidados a criar um pequeno livro/diário por elemento/unidade/agrupamento onde se pudesse, ao longo das semanas do Advento, ir colocando imagens, reflexões, memórias e desafios… onde se pudesse planear o nosso caminho/peregrinação até ao Natal e até ao Jubileu, agora na Quaresma somos chamados a continuar este caminho nesse diário de bordo.
Em cada semana terás desafios para te ajudarem a completar o teu diário do peregrino. Decora já na preparação da 1ª semana a capa do teu diário e depois é só deixar a imaginação e a criatividade fluírem. Partilha o teu diário e as tuas aventuras nas redes sociais identificando o @escutismo e com a #peregrinocomesperança. 
Guarda este diário com carinho, pois ao longo do ano do Jubileu 2025, poderás ainda revisitá-lo ou até mesmo utilizá-lo novamente para te preparares para este Ano Santo.

Quarta-Feira de Cinzas (clica para abrir)
05. março | “Teu Pai, que vê no segredo, te dará a recompensa”

PALAVRA CHAVE: Segredo

LEITURA: Mt. 6, 1-6.16-18

«Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tende cuidado em não praticar as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Aliás, não tereis nenhuma recompensa do vosso Pai que está nos Céus. Assim, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando rezardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de orar de pé, nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa. Quando jejuardes, não tomeis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto, para mostrarem aos homens que jejuam. Em verdade vos digo: já receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, para que os homens não percebam que jejuas, mas apenas o teu Pai, que está presente em segredo; e teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa».

COMENTÁRIO/MEDITAÇÃO:

Estamos no início de um percurso de 40 dias. Um período que por vezes encaramos como longo e de grande sacrifício, mas que acima de tudo deverá ser de gratidão pela entrega de Jesus na cruz por cada um de nós. 
Hoje, Jesus alerta-nos, como aos discípulos, para não mostrarmos com vaidade as nossas boas obras. Ou seja, para quê boas obras? Será só por parecer bem, e não por uma simples e humilde dádiva do melhor que temos para dar, com Amor?! Sabemos que esta vivência da boa e desinteressada obra ao outro, está implícita em nós escuteiros, pela Boa Ação de cada dia. 
Na oração do escuta rezamos “gastar-me sem esperar outra recompensa.” Não a esperes agora Não seja ela, a recompensa aqui e agora, que te guie na tua ação. Mas confia: “teu Pai, que vê no oculto, te dará a recompensa.” A verdadeira recompensa do bem fazer, de coração alegre e simples, vem de Deus, para nós, que somos filhos amados.

SABIAS QUE?

  • As cinzas utilizadas neste dia são feitas a partir dos ramos de oliveira (ou outros) benzidos no Domingo de Ramos do ano anterior.
  • A palavra cinza, que provém do latim “cinis”, representa o produto da combustão de algo pelo fogo. Esta adotou desde muito cedo um sentido simbólico de morte, expiração, mas também de humildade e penitência. 

DESAFIO:

  • Afia um lápis (de preferência de cor) e com as aparas atualiza a capa do diário
    e/ou
  • Escreve num papel o que pretendes melhorar em ti e com supervisão dum adulto queima o papel e guarda as cinzas. 

ORAÇÃO:

Senhor Jesus, quero entrar no silêncio.
No segredo quero chegar a Ti. 
Quero-o fazer através do irmão que mais necessita. 
Não quero ser como os hipócritas, ir somente ao templo para que os outros me vejam.
Quero ir ao Teu Sacrário e ficar diante de Ti para que mudes em mim o que há melhorar. 

DOMINGO I DA QUARESMA (clica para abrir)
09. março | “Esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado”


PALAVRA CHAVE: Deserto
LEITURA: Lc 4, 1-13
«Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-Se das margens do Jordão. Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado pelo Diabo. Nesses dias não comeu nada e, passado esse tempo, sentiu fome. O Diabo disse-lhe: «Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’». O Diabo levou-O a um lugar alto e mostrou-Lhe num instante todos os reinos da terra e disse-Lhe: «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser. Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’». Então o Diabo levou-O a Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do templo e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo, porque está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus anjos a teu respeito, para que Te guardem’; e ainda: ‘Na palma das mãos te levarão, para que não tropeces em alguma pedra’». Jesus respondeu-lhe: «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’». Então o Diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo.»

COMENTÁRIO/MEDITAÇÃO:
Segues imparável no teu caminho, a passo firme, talvez sem medos nem receios. Mas … espera! Talvez seja agora o tempo de parares e descansares um pouco. Pára! Olha para ti. Olha bem para ti. Olha à tua volta. E observa bem. Ao certo, quem levas contigo e o que deixas para trás a cada passo? Que “valor” ocupa Deus no teu caminhar? É Ele quem te guia? É Ele quem apresentas aos que contigo se vão cruzando? São as Suas palavras que vives? Escuta o Evangelho de hoje porque: “Nem só de pão vive o homem”! Quer dizer: Olha mais além do que os teus olhos vêm! Observa de coração desperto a Glória de Deus, com Deus e para Deus, nas grandes e nas pequenas coisas, de tudo o que te rodeia a cada dia. E presta-lhe honras com a tua vida! Esta é a verdadeira pista para o caminho a seguir!


SABIAS QUE? 

O Antigo Testamento nomeia uns 15 desertos diferentes? O termo hebraico mais comum para designar o deserto é “midbar”, que não se refere a um deserto de dunas, mas a uma região solitária não totalmente estéril. Apesar da imagem que se tem do deserto, com montes de areia sem fim, a areia só ocupa 20% de sua área total.

DESAFIO:
Desenha no teu diário aquilo que durante a semana te deixou mais triste, zangado, com inveja, e as situações que foram momentos de felicidade.
e/ou
Reflete na tua semana e escreve no teu diário, quais foram as situações em que te sentiste num deserto? E aquelas que te sentiste num oásis?

ORAÇÃO:
Aqui estou, Senhor Jesus! Quero-me retirar no deserto que és Tu. Parar e descansar em Ti! Mas nem sempre me é fácil fazer esta paragem, ainda que me seja verdadeiramente importante e necessária! 
Só com esta paragem me é possível reconhecer as tentações da vida.  
Senhor Jesus, ensina-me a resistir a essas tentações

DOMINGO II DA QUARESMA (clica para abrir)
16. março | “Enquanto orava, alterou-se o aspeto do seu rosto”

PALAVRA CHAVE: Escutar

LEITURA: Lc 9, 28b-36

«Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. Enquanto orava, alterou-se o aspeto do seu rosto, e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente. Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias, que, tendo aparecido em glória, falavam da morte de Jesus, que ia consumar-se em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam a cair de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. Quando estes se iam afastando, Pedro disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Não sabia o que estava a dizer. Enquanto assim falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem. Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O». Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou sozinho. Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto.»

COMENTÁRIO/MEDITAÇÃO:

É interessante o verbo que é colocado na 1ª frase do Evangelho – TOMOU – “Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João”. Alguma vez nos questionámos o porquê do Evangelista nos dizer que Jesus “tomou”? Poderia dizer que Jesus convida, ou que Jesus leva, ou até que “Pedro, Tiago e João sobem ao cimo do monte com Jesus.”
Mas o Evangelista destaca com um veemente “tomou” talvez porque é sempre Jesus que nos encaminha, porque é sempre Jesus que nos leva até Deus – o tal “cimo do monte”. 
O que significa este “cimo do monte” na tua vida? Quantas vezes subiste até Ele?
E que tenda é esta que Pedro desafia a montar no cimo do monte? Já pensaste que esta tenda é a mesma que montamos ao longo do Hike da nossa vida sempre que estamos dispostos a estar com e para Deus?!
É a tenda onde podemos sem medos repousar o nosso espírito, cansado e conturbado, na presença de Deus.  

SABIAS QUE?

  • O povo de Israel chamava às suas tendas a “casa de pêlo”, por serem feitas com uma lona fabricada com pêlos de camelo.
  • A Transfiguração aparece todos os anos no Segundo Domingo da Quaresma, como anúncio da Ressurreição.

DESAFIO:

Escreve no teu diário os motivos que te tiram a alegria e desanimam. Depois enumera ações que as façam transformar-se em momentos de alegria.
e/ou
Tira uma fotografia com as pessoas que transformam os momentos em alegria e cola no teu diário.

ORAÇÃO:

Senhor, venho quero ir ao Sacrário ou “ao cimo” do monte para Te rezar. O rezar em momentos decisivos e/ou incompreendidos por mim são essenciais. Que eu aprenda conTigo a procurar o Pai em situações mais complexas. Desperta-me e não me deixes adormecer.

DOMINGO III DA QUARESMA (clica para abrir)
23. março | “Se não vos arrependerdes, morrereis do mesmo modo”

PALAVRA CHAVE: Arrependimento

LEITURA: Lc 13, 1-9
«Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante. Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».

COMENTÁRIO/MEDITAÇÃO:
A Liberdade será porventura um dos bens mais valiosos ao alcance do homem e um dom fundamental que Deus concede a cada um de nós. Sabes, Deus ama-te tanto que jamais te aprisionará.
No calendário imparável dos nossos dias, se lhe abrirmos o coração e o permitirmos, Ele vai-nos asSINALando os tempos, os momentos e os espaços onde encontrar e experimentar a verdadeira felicidade. Mas deixa-nos escolher a nossa agenda.
Nas encruzilhadas da vida, ele mostra-nos o trilho da Esperança. Mas a escolha do caminho é sempre nossa.
E é a nossa escolha, em plena liberdade, que assinala uma e outra vez a resposta que damos a tão grande Dom de Deus. Acertamos sempre? Não! Erramos muito? Certamente mais do que desejaríamos! Há volta atrás? Lamentavelmente isso raramente é possível!
Mas podemos mudar de rumo? Claro! Chama-se arrependimento e a Deus nada é mais agradável que acolher de volta um pecador arrependido! Tal como a decisão pelo caminho errado é nossa, assim também será nossa a decisão de emendar a mão e lhe pôr um fim. Até porque o Amor de Deus, esse … é infinito!
Este é, pois, asSINALa-nos hoje o Evangelho, o tempo de arrepiar caminho, de nos arrependermos e de buscar de novo o Abraço do Senhor!

SABIAS QUE?

A figueira, mencionada mais de 50 vezes na Bíblia, era um dos símbolos da Terra Prometida.Os figos eram amassados com farinha para fazer pão de figo.

DESAFIO:
Planta uma semente (exemplo: feijão) na terra, acrescenta as cinzas que guardaste e vai fazendo no teu diário o registo fotográfico do crescimento da tua planta.
e/ou
Encontra uma folha de figueira, pinta-a e pressiona no papel, fazendo um carimbo natural
ORAÇÃO:
Senhor,
ajuda-me a abrir o meu coração para te ouvir.
Que eu saiba reconhecer os meus erros e, com humildade, pedir perdão.
Dá-me a coragem de mudar o meu caminho sempre que for necessário.
Que o Teu Amor me guie e me ajude a crescer, tal como a planta que cultivo com as minhas mãos.

DOMINGO IV DA QUARESMA (clica para abrir)
30. março | “Este teu irmão estava morto e voltou à vida”

PALAVRA CHAVE: Filho

LEITURA: Lc 15, 1-3.11-32

«Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gastado tudo, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar privações.Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’». 

COMENTÁRIO/MEDITAÇÃO:

Este domingo na Quaresma é o chamado Domingo da Alegria!
Que Alegria é esta que a Igreja quer demarcar no meio da Quaresma? É a Alegria de caminhar comprometidos e transformados pela ação do Perdão do Pai, perdão esse que é superior a qualquer outra ação na vida.

Jesus dá-nos a conhecer nesta parábola a forma como Deus responde àqueles que estão escandalizados porque Ele acolhe as pessoas que se perderam nos caminhos da vida, aquelas que estão fora das normas estabelecidas pelos fariseus. Deus ama a todos (todos, todos, todos) de igual forma. 

Muitas vezes a nossa dificuldade de lidar com este Amor é tanta que não nos basta cair em tentação (como ouvíamos no II Domingo), como nem aceitamos que o outro reconheça o seu pecado, peça perdão e seja perdoado. 

Meditemos e dêmos valor ao Perdão de Deus e ao nosso perdão para connosco e para com os irmãos, para que nos possamos Alegrar sempre ao Regressar, e ajudar o irmão a regressar também ele ao Amor de Deus.

SABIAS QUE?

As sandálias eram símbolo do poder de uma pessoa. O anel, das suas riquezas. O pai, com estes dois gestos, está a fazer herdeiro de todos os seus bens, o filho que acaba de regressar.

DESAFIO:

Sugestão: 
Coloca a tua impressão digital e dos teus familiares no teu diário
e
Não te esqueças de cuidar da tua semente

ORAÇÃO:

Pai hoje em primeiro e acima de tudo te quero agradecer a grandeza do Teu amor por mim e ainda mais a força do Teu Perdão. 
Além de Te agradecer, preciso de saber aceitar o Teu Perdão para comigo e acima de tudo para com o irmão para que não seja eu a julgá-lo e a condená-lo mais do que Tu. 
Quero ter Alegria verdadeira que tem o Pai ao receber o filho que andava perdido. Pois esta Alegria faz-me viver de forma mais feliz e humilde.

DOMINGO V DA QUARESMA (clica para abrir)
06. abril | “Quem entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra”

PALAVRA CHAVE: Misericórdia

LEITURA: Jo 8, 1-11

Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar. Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar».

COMENTÁRIO/MEDITAÇÃO:

“Vai e não tornes a pecar”. Acaso já experimentaste este sentimento de ser verdadeiramente perdoado?

Este perdão verdadeiro e profundo que nos traz leveza ao Espírito e ao corpo, que nos restitui a liberdade sabendo nós que estamos limitados somente ao Amor.
Esta é a verdadeira experiência do encontro com Jesus no Sacramento da Reconciliação.

            O dia a dia da vida torna-nos pesados, mas este encontro de perdão, em que nos despimos das nossas podridões, é muito compensatório. Às vezes quase que diria que sentimos necessidade que nos levem a pedir este perdão, porque estamos tão pesados que nem conseguimos caminhar até lá.
Diz-nos o Evangelho que “trouxeram” a mulher adúltera, mas não nos dão mais informações acerca das suas reações ou atitudes.
A mulher ali arremessada e humilhada, poucas palavras troca com Jesus. Interessante que a mulher não se tentou justificar. Que atitude seria a nossa?
Perante qualquer acusação a primeira reação humana é tentar justificar o que fizéssemos. Quantas vezes ouvimos “mas foi só…” ou “eu não queria fazer, mas…”
A justificação alivia-nos o peso da culpa, mas alivia também a grandeza do Perdão. Aproximemo-nos dos confessionários livres de justificações mas cientes da nossa condição de pecadores, para podermos ser redimidos no perdão de Deus.  

SABIAS QUE?

  • O apedrejamento era uma prática antiga relativamente comum (para crimes graves), utilizada no Médio Oriente e na Grécia. Contudo, o Novo Testamento na prática aboliu esta prática para os cristãos.
  • O Monte das Oliveiras é um marco inconfundível em Jerusalém. Os seus bosques de oliveiras, igrejas e monumentos religiosos são vistos de longe.

DESAFIO:

Numa pedra escreve ou desenha o que não te deixa ser feliz e queres mudar nesta quaresma
ou
Desenha no teu diário pedras e escreve dentro o que não te deixa ser feliz e queres mudar nesta quaresma.

ORAÇÃO:

Senhor Jesus, quero-me aproximar de Ti, quero entregar a Ti os meus pecados, as minhas falhas, as minhas fraquezas e sentir o Teu grande Perdão no meu Ser. 
Quero ir ao confessionário e reconhecer no sacerdote a Tua aceitação sem acusações. 
Quero ouvir e sentir “Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.”

DOMINGO DE RAMOS (clica para abrir)
13. abril | “«Porque estais a dormir? Levantai-vos e orai, para não entrardes em tentação»”

PALAVRA CHAVE: Entrega

LEITURA: Lc 19, 28-40 

Naquele tempo, Jesus seguia à frente dos seus discípulos, subindo para Jerusalém. Quando Se aproximou de Betfagé e de Betânia, perto do monte das Oliveiras, enviou dois discípulos e disse-lhes: «Ide à povoação que está em frente e, ao entrardes nela, encontrareis um jumentinho preso, que ainda ninguém montou. Soltai-o e trazei-o. Se alguém perguntar porque o soltais, respondereis: ‘O Senhor precisa dele’». 
Os enviados partiram e encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito. Quando estavam a soltar o jumentinho, os donos perguntaram: «Porque soltais o jumentinho?». Eles responderam: «O Senhor precisa dele». 
Então levaram-no a Jesus e, lançando as capas sobre o jumentinho, fizeram montar Jesus. Enquanto Jesus caminhava, o povo estendia as suas capas no caminho. Estando já próximo da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos começou a louvar alegremente a Deus em alta voz por todos os milagres que tinham visto, dizendo: «Bendito o Rei que vem em nome do Senhor. Paz no céu e glória nas alturas!». Alguns fariseus disseram a Jesus, do meio da multidão: «Mestre, repreende os teus discípulos». Mas Jesus respondeu: «Eu vos digo: se eles se calarem, clamarão as pedras».»

Nota – o Evangelho da Eucaristia é Lc 22,14 – 23,56 (a Paixão e Morte de Jesus), caso pretendam ler. O Evangelho que aqui deixamos é o Evangelho de início desta celebração, que tem características diferentes.

COMENTÁRIO/MEDITAÇÃO:

O Evangelho da entrada de Jesus em Jerusalém é de uma grandeza imensa.

Jesus que sempre tentou passar despercebido, contrariamente ao que acontece neste momento onde é relatada a entrada messiânica em Jerusalém. Jesus dá indicações aos seus discípulos do que têm de fazer para Ele entrar em grande triunfo.

            Em Jesus montado num jumentinho aproximou-se da multidão em grande alvoroço, recordamos a quantidade de vezes que Jesus se refugiava no alto do monte ou do outro lado do lago para estar em oração?

            A multidão de discípulos louvava alegremente por causa dos milagres que tinham visto, e Jesus ainda responde com “Se eles se calarem, clamarão as pedras.” Por este Evangelho parece que Jesus gostava e queria ser aclamado e chamado de Rei. Mas Ele saberia que logo em seguida deixaria de ser aclamado e passaria a ser acusado no meio de ladrões.
Reconheces a grandeza de Jesus na tua vida? Ou será que só O aclamas nas palavras, mas facilmente O abandonas à Sua sorte na Cruz do teu ser?

SABIAS QUE?

  • O jumento tinha um grande prestígio em Israel. É referenciado 130 vezes na Bíblia, é símbolo da paz e do trabalho e apreciado pela sua humildade e utilidade. Os jumentos brancos eram utilizados pelos nobres.
  • Este domingo marca o início da Semana Santa, período que nos vai relembrar os últimos dias de Jesus.

DESAFIO:

Guarda no teu diário um raminho de oliveira ou alecrim do teu ramo benzido do Domingo de Ramos.
e
Participa nas cerimónias do Tríduo Pascal.

ORAÇÃO:

Quero aclamar-Te na minha a vida agitada e a quem se cruza comigo. Quero preparar este Teu grande louvor e acompanhar-Te até à Cruz. Quero carregar a minha Cruz com a mesma determinação com que carregaste a Tua. Obrigada Jesus por este ensinamento de saber cumprir os tempos de Deus. 

QUINTA-FEIRA SANTA (clica para abrir)
17. abril | “Amou-os até ao fim”

PALAVRA CHAVE: Serviço 

LEITURA: Jo 13, 1-15

Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar, Jesus, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade, sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava, levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha, que pôs à cintura. Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura. Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais lavar-me os pés?». Jesus respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde». Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo». Simão Pedro replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça». Jesus respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos». Jesus bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que acrescentou: «Nem todos estais limpos». Depois de lhes lavar os pés, Jesus tomou o manto e pôs-Se de novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também».

COMENTÁRIO/MEDITAÇÃO:

Nunca deixaremos de nos maravilhar com o gesto de Jesus ao lavar os pés dos seus discípulos. No entanto, o seu amor e humildade atingem um auge ainda maior quando, durante a Ceia, Ele tomou o pão, deu graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós. Fazei isto em minha memória.” Do mesmo modo, após a Ceia, tomou o cálice e acrescentou: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Sempre que o beberdes, fazei-o em memória de mim” (1 Cor 11,23-25).  

Neste momento, Cristo instituiu a Eucaristia como memorial perene da sua Paixão, o cumprimento perfeito das prefigurações da Antiga Aliança e o maior de todos os seus milagres.  

Hoje, ao celebrarmos este dom inestimável, podemos rezar pela santidade dos sacerdotes, para que sirvam a Igreja com o mesmo amor de Cristo. A nossa oração pode sustentá-los no seu desejo profundo de serem fiéis ao chamado de Deus: “Não somos nós que escolhemos o que fazer, mas somos servos de Cristo na Igreja e trabalhamos como a Igreja nos pede, onde a Igreja nos chama. Procuramos ser exatamente isso: servos que não fazem a sua própria vontade, mas a vontade do Senhor. Na Igreja, somos realmente embaixadores de Cristo e servos do Evangelho” (Bento XVI, Lectio Divina, 10 de março de 2011).  

E tu, como podes hoje demonstrar gratidão por este dom? Como podes ajudar os sacerdotes na sua missão?

SABIAS QUE?

O lava pés era um sinal de hospitalidade muito antigo. Costumava-se usar uma bacia de cobre ou de cerâmica. Depois do beijo de saudação da paz, o anfitrião ordenava a um servente que providenciasse o necessário para lavar os pés.
Este é um dos dias mais agitados e vitais na liturgia da Igreja, a Quinta-feira Santa comemora a Última Ceia de Jesus com Seus discípulos, onde Ele instituiu o Sacramento da Sagrada Eucaristia e o Sacramento da Ordem Sagrada.

DESAFIO:
Tem a iniciativa e prepara o jantar em tua casa ou ajuda alguém que precise da tua ajuda (pode ser em casa, no trabalho ou até mesmo na tua comunidade) e coloca a fotografia desse momento no teu diário.

ORAÇÃO:
Jesus Eucarístico, quero deixar lavar os meus pés e quero ter a humildade de me aproximar do irmão para dobrar o meu coração até aos seus pés. 
Quero viver a Eucaristia cada vez com mais sentido que és Tu quem te entregas na totalidade.

SEXTA-FEIRA SANTA (clica para abrir)
18. abril | “Cristo obedeceu até à morte e morte de cruz. Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes.”

PALAVRA CHAVE: Morte 

LEITURA: Jo 18, 1 __ 19, 42

COMENTÁRIO/MEDITAÇÃO:

Jesus viveu por ti. Com sua vida, trabalho, sofrimento e morte, Ele tomou o teu lugar e ofereceu-Se ao Pai por ti. Pergunto-me muitas vezes porque sofro. Às vezes irritado. Pergunto-te o porquê e não é que me expliques… Mostras-me. Olhando para a Tua cruz, às vezes fica mais claro. Fica mais fácil.

Segue esse exemplo. No teu dia a dia, também podes oferecer pequenos sacrifícios pelos outros. Estuda com dedicação, pensando naquele amigo que precisa mesmo de passar num teste.Não mintas, lembrando os que sofrem com mentiras. Mantém a tua oração fielmente, intercedendo por alguém que perdeu a fé. Transforma as pequenas dificuldades numa oferta de amor. Vive não apenas para ti, mas para os outros, e com a tua generosidade, alcança de Deus a graça da conversão para muitos.

SABIAS QUE?

  • Gólgota (lugar da Caveira), lugar onde Jesus foi crucificado, encontrava-se fora das muralhas da cidade. 
  • No ano de 326, Helena, mãe do imperador, mandou construir a Basílica do Santo Sepulcro

DESAFIO:

Recorta de jornais ou revistas palavras e imagens que deixem o mundo em tristeza e cola no teu diário.
e
Caso seja possível, participa na via sacra na tua paróquia

ORAÇÃO:

Quero chorar os meus pecados, Senhor, e com as minhas lágrimas lavar o Teu rosto ensanguentado presente em tantos irmãos que continuam a dizer repetidamente, “porque me abandonaste?”. Restaura em mim a dignidade de filho e ensina-me a dignificar os meus irmãos que são humilhados pela minha incompreensão e pela minha falta de amor. 

SÁBADO SANTO (clica para abrir)
19. abril | “Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo?”

PALAVRA CHAVE: Vitória

LEITURA: Lc 24, 1-12

«No primeiro dia da semana, ao romper da manhã, as mulheres que tinham vindo com Jesus da Galileia foram ao sepulcro, levando os perfumes que tinham preparado. Encontraram a pedra do sepulcro removida e, ao entrarem, não acharam o corpo do Senhor Jesus. Estando elas perplexas com o sucedido, apareceram-lhes dois homens com vestes resplandecentes. Ficaram amedrontadas e inclinaram o rosto para o chão, enquanto eles lhes diziam: «Porque buscais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui: ressuscitou. Lembrai-vos como Ele vos falou, quando ainda estava na Galileia: ‘O Filho do homem tem de ser entregue às mãos dos pecadores, tem de ser crucificado e ressuscitar ao terceiro dia’». Elas lembraram-se então das palavras de Jesus. Voltando do sepulcro, foram contar tudo isto aos Onze, bem como a todos os outros. Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago. Também as outras mulheres que estavam com elas diziam isto aos apóstolos. Mas tais palavras pareciam-lhes um desvario, e não acreditaram nelas. Entretanto, Pedro pôs-se a caminho e correu ao sepulcro. Debruçando-se, viu apenas as ligaduras e voltou para casa admirado com o que tinha sucedido.»

COMENTÁRIO/MEDITAÇÃO:

Hoje Jesus Cristo repousa no sepulcro. Mãos amigas, com carinho, colocaram-no naquele lugar, propriedade de José de Arimateia, perto do Calvário. Onde estão os apóstolos? Os Evangelhos não dizem nada, mas no entardecer daquele sábado talvez estivessem a ir, um a um, até ao Cenáculo, onde dias antes se tinham reunido com o Mestre. Quanto desânimo em suas conversas! Traíram Jesus. A tal ponto deve ter chegado o desalento que talvez tenham tido a ideia de deixar tudo e voltar às coisas de antes, como se os últimos três anos tivessem sido apenas um sonho.  

Há algo diferente nas santas mulheres: foram fiéis até ao último momento. Observaram atentamente como tudo ficara para, depois do repouso do sábado, poderem voltar e terminar de embalsamar Jesus. Explica-se o desalento deles e delas: ainda não haviam testemunhado, nem os apóstolos nem elas, a ressurreição de Cristo. Apesar de tudo, não querem deixar de prestar esse serviço. O seu carinho é mais forte que a morte.  

Gostaríamos também, por outro lado, de ser tão valentes quanto José de Arimateia e Nicodemos, que “na hora da soledade, do abandono total e do desprezo… expõem-se (…). Eu subirei com eles até junto da Cruz, apertar-me-ei ao Corpo frio, cadáver de Cristo, com o fogo do meu amor…, despregá-lo-ei com os meus desagravos e mortificações…, envolvê-lo-ei com o lençol novo da minha vida limpa, e o enterrarei em meu peito de rocha viva, de onde ninguém nos poderá arrancar” (São Josemaria, Via Sacra, 14ª estação, n. 1.)

E tu, como acolhes Jesus nos momentos de sofrimento? Como O acolhes quando tudo à tua volta parece condená-l’O?

SABIAS QUE?

  • Era tradicional ungir o corpo com óleos perfumados, entre os quais se destacava a mirra. Era comum acreditar que, enquanto durava o perfume, a alma do defunto permanecia ali. 
  • No sábado à noite celebra-se a solene Vigília Pascal, onde se acende o Círio Pascal, uma grande vela que simboliza a Luz de Cristo, que ilumina o mundo. Nessa vela estão gravadas as letras gregas Alfa e Ômega, que querem dizer “Deus é o princípio e o fim de tudo”.

DESAFIO:

Desenha no teu diário a tua visão do sepulcro de Jesus
e/ou
Perfuma o teu diário.

ORAÇÃO:

Cristo que Ressuscitaste nesta grande noite, infundi em mim o vosso espírito de caridade. Quero reconhecer-Te sempre como o Ressuscitado na minha vida, e aquele que me Ressuscita para a Esperança na Cruz.
Cristo ressuscitou! Quero anunciar esta nova, no fim desta noite de Páscoa, e sendo anúncio de verdade e de vida quero-o levar para o meu dia a dia.

DOMINGO DE PÁSCOA (clica para abrir)
20. abril | “Ele tinha de ressuscitar dos mortos”

PALAVRA CHAVE: Vida

LEITURA: Jo 20, 1-9

«No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.»

COMENTÁRIO/MEDITAÇÃO:

Amanhece em Jerusalém. A escuridão cobria tudo até que o sol começou a iluminar as muralhas, o Templo, as torres da fortaleza… Maria Madalena e outras mulheres caminham em direção ao noroeste da cidade, onde está o Calvário. As ruas estão vazias. Têm a sensação de que a morte de Jesus obscureceu a terra para sempre: o sol já não brilhará da mesma forma como quando o Mestre estava com elas. No entanto, não se preocupam com a falta de luz, nem com a guarda colocada ali pelo Sinédrio, nem com o facto de Cristo estar morto há três dias. Não sabem quem lhes removerá a pedra do túmulo, mas não estão dispostas a ficar em casa. Voltam a percorrer os caminhos por onde Jesus passou; os seus corações estremecem novamente, mas não cedem ao medo.  

Peçamos a elas esse amor a Jesus, mais forte do que o imenso sofrimento da Paixão. No coração daquelas mulheres, a chama que o próprio Cristo acendeu não se apagou totalmente. Elas madrugaram e não foi em vão. Deus não resiste a um amor assim e entrega-lhes a melhor notícia, a página definitiva onde se cumprem todas as profecias: “Ressuscitei e estou contigo para sempre”, diz a cada um de nós. “A minha mão te mantém. Onde quer que possas cair, cairás em minhas mãos. Estou presente até mesmo nas portas da morte. Onde ninguém já não pode acompanhar-te e aonde nada podes levar, ali eu te espero e transformo para ti as trevas em luz.” (Bento XVI, Homilia, 7/04/2007)

Para nós, mais de dois mil anos depois dos acontecimentos que contemplamos, a Sexta-Feira Santa e a Ressurreição de Jesus continuam a dar força e sentido às nossas vidas. Por isso, “todas as coisas da terra têm a importância que queiramos dar-lhes. Tudo o que acontecer aqui em baixo, se estamos impregnados de Deus, não nos perturbará. Quando, por causa da nossa fraqueza e dos nossos erros, damos importância a essas minúcias e sofremos, é porque queremos. Junto do Senhor, estamos seguros. Unidos à Cruz de Cristo, à glória da Ressurreição e ao fogo de Pentecostes, tudo se supera.” (São Josemaria, Meditação, 29/03/1959).

SABIAS QUE?

  • As mulheres estavam preocupadas pois não sabiam como iam rodar a pedra da entrada que era circular, de 1.25m de diâmetro e 30 cm de grossura, aproximadamente.
  • A origem da palavra “Páscoa” é hebraica. Vem de “Pessach”, que significa “Passagem”. A festa comemora um marco na história do povo judeu: a travessia do mar Vermelho ao se libertar de um longo período de escravidão no Egito

DESAFIO:
Anuncia que Jesus ressuscitou, e se possível, participa nas festividades da tua paróquia, tira uma foto e coloca no teu diário
e/ou
Desenha no teu diário Jesus Ressuscitado. Decora essa página com flores que apanhares, colando ou tingindo a folha com as cores das flores.

ORAÇÃO:
Senhor Ressuscitado, quero-Te vivo na minha vida. 
Quero sempre capaz de mudar a vida, dar vida nova. 
Acolho a alegria que espanta toda a escuridão. 
Acolho a Tua presença que me faz vencer todos os medos.