Textos de word para lyro

Introdução

Esta Vigília pode ser introduzida com um diaporama (diapositivos, música e texto – um todo só, em sintonia e servindo de suporte à mensagem).

É preciso saber escolher os diapositivos e seleccionar a música de fundo, de forma a que esta não retire a solenidade do acto. Deve ser música convidativa à interiorização e reflexão.

Texto

  1. Amanhã, vais assumir um grande compromisso. Já reflectiste sobre ele?

Já pensaste em que lugar esta Deus nesse compromisso?

  • O que te faz estar no Escutismo?
  • Será apenas uma caminhada divertida pelo cimo do monte ou entendes o Escutismo como algo mais?
  • Tu és cidadão do mundo!

Assim, deves olhar o mundo tal qual ele é… tal como Deus o criou.

  • Nesta noite de Vigília, junto a Cristo, Luz do Mundo, queremos preparar-nos para o compromisso de amanhã!
  • E à noite, nos acampamentos, que nos reunimos à volta da fogueira para meditar!

Também hoje e aqui nos reunimos à volta do altar…

  • A noite convida os cristãos à reflexão. Hoje, todos nós aqui presentes nesta Vigília, queremos elevar o nosso coração a Deus, para que deixe entrar nele a sabedoria, a humildade e a paz.
  • Também os membros do Povo de Deus fizeram a sua vigília quando deixaram a escravidão do Egipto e partiram para a liberdade na Terra Prometida!
  • Estarás tu também, como eles, a preparar-te para a tua caminhada?
  • Até Jesus Se recolheu em vigília e rezou, preparando-Se para o dia mais importante da Sua vida… “AǪUELE DIA EM ǪUE SE DEU POR NÓS”!
  • Estás disposto, tu também, a servir os outros, apesar das dificuldades que irás encontrar ao longo do teu caminho?
  • Estás disposto a aceitar com alegria e de coração o teu compro-misso? A honrá-lo, participando activamente na construção de um mundo melhor?
  • Se assumes esta verdade dentro do teu coração, decerto vais praticá-la na tua vida.

Então começou a TUA CAMINHADA PARA A LIBERDADE!!!

Cântico de Entrada: “Somos um Povo que caminha”… ou outro.

PALAVRA DE DEUS

19 Leitura – Sofonias 2, 3; 3, 12-13

O apelo do profeta será ouvido; o Senhor voltará a congregar um povo purificado e fiel que será o tipo do futuro Povo de Deus: a Igreja.

Leitura do Livro do profeta Sofonias

Procurai o Senhor, vós todos, os humildes da terra, que praticais as Suas leis. Procurai a justiça, procurai a humildade; talvez possais encontrar refúgio, no dia em que o Senhor manifestar a Sua indignação. «Só deixarei ficar no meio de vós –

diz o Senhor Deus – um povo humilde e modesto. E no nome do se chor é que hão- de procurar refúgio os sobreviventes de Israel.

Não voltarão a cometer injustiças, não tornarão a dizer mentiras, nem mais se há- de encontrar na sua boca uma língua enganadora. Mas poderão alimentar-se e repousar, sem que ninguém os perturbe.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial

Refrão: Felizes os pobres que o são no seu íntimo, porque deles é o Reino dos Céus.

O Senhor vinga com justiça os oprimidos; o Senhor dá pão aos famintos e aos cativos a liberdade. Refrão.

Ilumina os olhos dos cegos, ampara com a sua força os fracos. Ele ama os justos. Refrão.

O Senhor reina eternamente; o teu Deus, ó Sião, de idade em idade. Refrão.

2. Leitura – II Timóteo 1, 8b-10

A nossa salvação deriva de um eterno designio de Deus, mediante a graça de Cristo Jesus, e não das nossas obras ou merecimentos.

Leitura da Segunda Epístola de S. Paulo a Timóteo

Caríssimo.

Sofre comigo pelo Evangelho, apoiado na força de Deus. Ele sal-vo-nos e chamou- nos para sermos santos, em virtude, não das nossas obras, mas do Seu próprio desígnio e da Sua graça.

Esta graça foi-nos dada em Cristo Jesus sto de usa a stemidade e manifestou-se agora, pelo aparecimento de a imo sus, nosso Salvado.

Ele destruiu a morte, e fez brilhar a vida e a imortalidade, por meio do Evangelho.

Palavra do Senhor.

Aclamação do Evangelho: Adorai o Senhor Deus (fora da Ǫuaresma).

Adorai o Senhor Deus. ALELUIA! Adorai-O nas alturas. ALELUIA! Cantai Suas maravilhas. ALELUIA! Proclamai a Salvação. ALELUIA!

Evangelho – Mateus 17, 1-G

Na Transfiguração, quis o Pai celeste revelar aos três Apóstolos a grandeza do Seu Filho, para que eles a revelassem ao mundo após a

Ressurreição.

Evangelho de N. S. J. C. segundo S. Mateus.

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, irmão deste, e conduziu-os, em particular, a um alto monte. E transfigurou-Se diante deles. O Seu rosto ficou brilhante como o Sol, e as vestes tornaram-se-Lhe brancas como a luz.

Nisto, apareceram-lhes Moisés e Elias que falavam com Ele. Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: «Senhor, que bom seria ficarmos aqui. Se quiseres, farei aqui três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias».

uma voz dizia:

Ainda ele falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu, e, da nuvem,

«Este é o Meu Filho muito amado, no qual pus o Meu enlevo: escutai-O».

Ao ouvirem estas palavras, os discípulos caíram de rosto por terra e assustaram- se muito. Então, Jesus aproximou-Se e tocou-lhes, dizendo:

«Levantai-vos e não temais»

Jesus. Ao descerem do monte, Jesus deu-hes esta ordem:

«Não faleis a ninguém desta visão, enquanto o Filho do Homem não ressuscitar dos mortos».

Palavra da Salvação.

Homilia

Cântico escutista: “Tens em ti um pedacinho de Deus”… ou outro.

PROCLAMAÇÃO DA LEI E DOS PRINCÍPIOS DO ESCUTISMO

A partir do Círio Pascal, acender uma vela por cada um dos artigos e colocá-las em destaque, por exemplo, em forma de caminho até ao altar. Os Escuteiros que tiverem a luz, permanecerão com ela na mão, até ao fim do Credo.

Proclamação da Lei do Lobito

  • 1.° – O Lobito escuta Àquêlà.
  • 2.° – O Lobito não se escuta a si próprio.

Proclamação das Máximas do Lobito

  • 1.° – O Lobito pensa primeiro no seu semelhante.
  • 2.º – O Lobito sabe ver e ouvir.
  • 3.° – 0 Lobito é asseado.
  • 4.° – O Lobito é alegre.
  • 5.° – 0 Lobito diz sempre a verdade.

Proclamação da Lei do Escuteiro

  • 1.° – A honra do Escuta inspira confiança.
  • 2.° – O Escuta é leal.
  • 3.° – O Escuta é útil e pratica diariamente uma boa acção.
  • 4. – O Escuta é amigo de todos e irmão de todos os outros Escutas.
  • 5.° – O Escuta é delicado e respeitador.
  • 6.° – O Escuta protege as plantas e os animais.
  • 7.° – O Escuta é obediente.
  • 8.° – 0 Escuta tem sempre boa disposição de espírito.
  • 9.° – 0 Escuta é sóbrio, económico e respeitador do bem alheio.
  • 10.° – O Escuta é puro nos pensamentos, nas palavras e nas acções.

Princípios do Escutismo

  • 1:°- 0 Escuta orgulha-se da sua fé e por ela orienta toda a sua vida.
  • 2.° – O Escuta é filho de Portugal e bom cidadão.
  • 3.° – O dever do Escuta começa em casa.

Cântico: “Anúncio dos Valores que professamos”, pág. 251


BÊNÇÃO DAS INSÍGNIAS

Deve benzer-se todos os objectos (lenços, emblemas, insignias, cha-péus, berets) para todas as Promessas a realizar na mesma celebração, de uma só vez, na Vigilia preparatória da Promessa. Para as bandeiras, ver cerimonial próprio no quarto capítulo.

O Assistente usará a água benta, depois de pronunciar a formula própria acompanhada do sinal de bênção.

Assistente: Ó Deus, fonte de toda a santidade, que no Vosso Filho nos oferecestes um modelo de todo o verdadeiro serviço, como entrega livre e amorosa ao Vosso projecto de salvação, no cumprimento da lei nova do Amor, escutai a oração que Vos apresentamos: sobre estas insígnias derramai a Vossa benção (+) para que aqueles que as vão usar, como sinal de adesão ao ideal escutista, sejam, cada vez mais, homens novos em Jesus Cristo, cumprindo com fidelidade e perseverança a sua Promessa e testemunhando o Vosso Reino entre os homens. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Todos: Ámen.

Cântico: “Senhor, que a pista da Lei”. … pág. 252 CREDO OU PROFISSÃO DE FÉ

No momento da resposta dada pelo cântico, os Escuteiros com luz. poderão levantar as velas, afirmando assim uma maior convicção.

ACh: Porque Cristo ressuscitou e é Vida,

acreditamos que a vida é para sempre mais forte que a morte!

Porque Cristo ressuscitou e é a Verdade, acreditamos que n’Ele encontramos razões de viver.

Porque Cristo ressuscitou e é o Caminho, acreditamos que vale a pena avançar para um futuro melhor.

Todos: Creio em Jesus, creio em Jesus!

É meu Amigo, minha Alegria, é meu Amor!

Creio em Jesus, creio em Jesus! É meu Salvador!

As./Ch.: Porque Cristo ressuscitou e está na Palavra da Vida, acreditamos no mandamento novo do amor fraterno.

Porque Cristo ressuscitou e está no Pão da Eucaristia, acreditamos que todos se devem sentar à mesma mesa da vida.

Porque Cristo ressuscitou e está na comunidade, acreditamos que é possível viver em unidade e alegria.

Todos: Creio em Jesus…

As/Ch.: Porque Cristo ressuscitou e apareceu primeiro a Madalena, acreditamos que Ele Se encontra sobretudo nos pequenos e nos pobres.

Porque Cristo ressuscitou e apareceu a Pedro, acreditamos na Igreja confiada aos sucessores dos Apóstolos.

Porque Cristo ressuscitou e apareceu a muitos irmãos, acreditamos que todos somos chamados à vida eterna.

Todos: Creio em Jesus…

ORAÇÃO UNIVERSAL

Lobito: Nós Vo pedimos, Santor, Pela Alcateia deste Agrupamento, par que por intermédio de S, Francisco de Assis, patrono dos Lobitos, aprenda a amar e a respeitar a Natureza e a manter-se fiél à sua Lei.

Oremos ao Senhor.

Explorador: Nós Vos pedimos, Senhor, pelos Exploradores deste Agrupamento, para que, por intercessão de S. Jorge, Patrono dos Exploradores, cresçam em sabedoria, esperança e virtude, amando e servindo.

Oremos ao Senhor.

Pioneiro: Nós Vos pedimos, Senhor, pelos Pioneiros deste Agrupamento, para que, por intermédio de S. João de Brito, Patrono dos Pioneiros, aprendam a servir melhor a Deus, à Igreja, à Pátria e ao próximo.

Oremos ao Senhor.

Caminheiro: Nós Vos pedimos, Senhor, pelos Caminheiros deste Agrupamento, para que, por intermédio de S. Paulo, Patrono dos Caminheiros, os leveis a ser homens e mulheres novos, construtores de um mundo melhor.

Oremos ao Senhor.

Dirigente: Nós Vos pedimos, Senhor, por todo este Agrupamento, para que, por intercessão de

_——– (Patrono), seu Patrono, ajudeis todos os Dirigentes a serem verdadeiros

modelos e guias dos jovens.

Oremos ao Senhor.

Dirigente: Nós Vos pedimos, Senhor, pelo Corpo Nacional de Escutas para que, por intermédio do Beato Nuno, Patrono do CNE, continue a ser uma verdadeira escola de vida, formando integralmente cada vez mais jovens.

Oremos ao Senhor. Cântico a Nossa Senhora

As./Ch.: Nossa Senhora, Mãe dos Escutas… T.: Rogai por nós.

Oração final

As./Ch.: Ó Deus, nós Vos pedimos por estes jovens que vão fazer a sua Promessa: enchei-os do Vosso Espírito para que sejam fiéis ao que vão prometer e dai-lhes generosidade e amor para o serviço a Vós e ao próxi-mo. Por N. S. J. C., Vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

T.: – Amen.

Bênção e despedida do Assistente

  • O Senhor esteja convosco
  • Ele está no meio de nós.
  • Abençoe-vos Deus Todo Poderoso (+) Pai, Filho e Espírito Santo.
  • Amen.
  • Ide em paz e o Senhor vos acompanhe.
  • Graças a Deus.

Cântico escutista ou a Nossa Senhora.

2

O logótipo representa quatro figuras estilizadas para indicar a humanidade dos quatro cantos da Terra. As figuras estão abraçadas cada uma à outra, para indic- ar a solidariedade e a fraternidade que unem os povos. O que está à frente está agarrado à cruz. É o sinal não só da fé que abraça, mas da esperança que nunca pode ser abandonada, porque precisamos dela sempre e sobretudo nos momen- tos de maior necessidade. As ondas que estão em baixo e que se movem, para indicar que a peregrinação da vida nem sempre se move em águas tranquilas. Muitas vezes eventos pessoais e eventos mundiais impõem com maior inten- sidade o chamamento à esperança. É por isso que devemos prestar atenção à parte inferior da cruz, que se prolonga, transformando-se numa ȃncora, que se impõe ao tumulto das ondas. Como se sabe, a ȃncora tem sido muitas vezes us- ada como metáfora da esperança. A ȃncora da esperança, na verdade, é o nome que na gíria marítima é dado à ȃncora de reserva, utilizada pelas embarcações em manobras de emergência para estabilizar o barco durante as tempestades. Não ignoremos o facto que a imagem mostra como o caminho do peregrino não é um acontecimento individual mas comunitário, com a marca de um dinamismo crescente que tende cada vez mais para a Cruz. A Cruz não é de modo algum estática, mas também ela dinȃmica, curva-se para a humanidade como que para ir ao seu encontro e não a deixar sozinha, mas oferecendo a certeza da presença e a segurança da esperança. Finalmente, vê-se claramente o lema do Jubileu de 2025 com a cor verde: Peregrinantes em Spem.

I.      SINAIS DO JUBILEU

1. A Peregrinação

A peregrinação reproduz a condição do homem, que gosta de descrever a sua própria existência como um caminho. Do nascimento até à morte, cada pessoa vive na condição peculiar de homo viator, isto é, de peregrino, de viajante, de pessoa sempre a caminho.

A etimologia da palavra “peregrinação” é decididamente eloquente. A palavra, na verdade, deriva do latim “per ager” que significa “através dos campos”, ou “per eger”, que significa “travessia de fronteira”: ambas as raízes lembram a experiên- cia de embarcar numa aventura.

Por sua vez, a Sagrada Escritura testemunha repetidas vezes o valor do facto de pôr-se a caminho para ir aos lugares sagrados; basta pensar na figura de Abraão, arameu errante (Dt 26,5): “afastando-se da sua terra, de seus parentes e da casa de seu pai” (Gn 12,1), partiu como peregrino, em direção à Terra Prometida.

Na tradição de qualquer israelita ir em peregrinação à cidade onde se conservava a arca da aliança, ou então visitar o santuário de Betel (cf. Jz 20, 18), ou o de Silo, onde Ana, mãe de Samuel, viu a sua oração atendida (cf. 1 Sam 1, 3). Submeten- do-Se voluntariamente à Lei, também Jesus, com Maria e José, foi como peregrino à cidade santa de Jerusalém (cf. Lc 2, 41). O ministério de Jesus também é mar- cado pelo caminho de Jesus, em viagem da Galileia para Jerusalém (Lc 9,51). Ele próprio chama os discípulos para seguir esse caminho.

A história da Igreja é o diário vivo duma peregrinação sem cessar. A caminho da cidade dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, da Terra Santa, ou de santuários — antigos e novos — dedicados à Virgem Maria e aos Santos: eis a meta de muitos fiéis que assim alimentam a sua devoção.

A peregrinação sempre constituiu um momento significativo na vida dos fiéis, revestindo expressões culturais diferentes nas várias épocas.

Ela lembra o caminho pessoal do crente seguindo as pegadas do Redentor: é exercício de ascese ativa, de arrependimento pelas faltas humanas, de vigilȃncia constante sobre a própria fragilidade, de preparação interior para a conversão do coração. Através da vigilȃncia, do jejum, da oração, o peregrino avança pela

estrada da perfeição cristã, esforçando-se por chegar, com a ajuda da graça de Deus, «ao estado de homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo» (Ef 4, 13).

Recorda-nos o Papa Francisco: “Não é por acaso que a peregrinação representa um elemento fundamental de todo o evento jubilar. Pôr-se a caminho é típico de quem anda à procura do sentido da vida. A peregrinação a pé favorece mui- to a redescoberta do valor do silêncio, do esforço, da essencialidade. Também no próximo ano, os peregrinos de esperança não deixarão de percorrer caminhos antigos e modernos para viver intensamente a experiência jubilar. Além disso, na própria cidade de Roma, haverá itinerários de fé que se juntarão aos tradicio- nais das catacumbas e das Sete Igrejas. Deslocar-se dum país ao outro como se as fronteiras estivessem superadas, passar duma cidade a outra contemplando a criação e as obras de arte, permitirá acumular experiências e culturas diferentes e levar dentro de si, harmonizada pela oração, a beleza que faz agradecer a Deus as maravilhas que Ele realizou” (Spes non confundit, n.º 5).

O Jubileu pede-nos para partirmos em jornada e superarmos certos limites. Quando nos movemos, na verdade, não só mudamos de lugar, mas transformamo-nos. Para isso, é importante preparar, planear a rota e conhecer o destino. A contemplação da criação também faz parte e é uma ajuda para aprender que cuidar dela “é uma expressão essencial de fé em Deus e obediência à sua vontade” (Papa Francisco, Carta para o Jubileu 2025). A peregrinação é, pois, uma experiência de conversão, de mudar a vida para a direcionar para a meta da santidade de Deus. Com ela, a experiência dessa parte da humanidade que, por várias razões, é forçada a viajar para buscar um mundo melhor para si mesma e para sua família também é feita por conta própria. “A vida cristã é um caminho, que precisa também de momentos fortes para nutrir e robustecer a esperança, insubstituível companheira que per- mite vislumbrar a meta: o encontro com o Senhor Jesus” (Spes non confundit, n.º 5) recorda-nos o Papa Francisco.

Aqueles que, por doença ou outra circunstȃncia, não podem fazer-se peregrinos, são, todavia, convidados a tomar parte no movimento espiritual que acompanha este Ano Jubilar.

Diocese do Porto

Igrejas de Peregrinação Jubilar

Na Diocese do Porto, além da Igreja Catedral, Igreja-Mãe, são declaradas pelo Bispo Diocesano estas “Igrejas de Peregrinação Jubilar”:

Amarante: Igreja de São Gonçalo

Arouca: Mosteiro de Santa Maria de Arouca

Baião: Igreja de São Bartolomeu de Campelo Castelo de Paiva: Igreja de São Domingos da Serra Espinho: Igreja Matriz de Espinho

Felgueiras: Santuário de Santa Quitéria

Gaia Norte: Santuário Diocesano do Monte da Virgem Imaculada

Gaia Sul: Santuário de Nossa Senhora da Saúde

Gondomar: Igreja Matriz de Gondomar (São Cosme e São Damião)

Lousada: Capela do Senhor dos Aflitos

Maia: Santuário de Nossa Senhora do Bom Despacho Marco de Canaveses: Santuário do Menino Jesus de Praga Matosinhos: Igreja do Bom Jesus de Matosinhos

Ovar: Igreja Matriz de São Cristóvão

Paços de Ferreira: Igreja Paroquial de Santa Eulália

Paredes: Igreja Paroquial do Divino Salvador de Castelões de Cepeda

Penafiel: Santuário da Nossa Senhora da Piedade e Santos Passos – Igreja do Sameiro

Porto: Igreja de Nossa Senhora da Lapa

Santa Maria da Feira: Igreja Matriz da Feira (Convento dos Loios)

Santo Tirso: Santuário de Nossa Senhora da Assunção

São João da Madeira e Oliveira de Azeméis: Santuário de Nossa Senhora de La Salette

Trofa: Capela de Nossa Senhora das Dores Valongo: Santuário Diocesano de Santa Rita Vale de Cambra: Santuário de Santo António Vila do Conde: Igreja Paroquial de Vairão

2. A Porta Santa

Conexo com a peregrinação, temos o sinal da Porta santa, aberta pela primeira vez na Basílica do Santíssimo Salvador de Latrão durante o Jubileu de 1423. Do ponto de vista simbólico, a abertura da Porta Santa, pelo Papa, constitui o início oficial do Ano Santo. Este é o mais emblemático evocativo sinal do Jubileu.

Até ao século passado, o Papa, mais ou menos simbolicamente, dava início à demolição do muro que a sela. Os pedreiros tinham o cuidado de remover os ti- jolos completamente. Desde 1950, o muro é demolido anteriormente e, durante uma liturgia coral solene, o Papa empurra a porta do lado de fora, passando como primeiro peregrino.

A abertura da Porta Santa evoca a passagem do pecado à graça, que cada cristão é chamado a realizar. Jesus disse: «Eu sou a porta» (Jo 10, 7), para indicar que ninguém pode ter acesso ao Pai senão por Ele. Esta designação que Jesus faz de Si mesmo, atesta que só Ele é o Salvador enviado pelo Pai. Há um único acesso que abre de par em par a entrada na vida de comunhão com Deus: este acesso é Jesus, caminho único e absoluto de salvação. Só a Ele se podem aplicar, na sua verdade plena, estas palavras do Salmista: «Esta é a porta do Senhor; por ela entram apenas os justos» (Sl 118117, 20).

Afinal, a Porta também é uma passagem que leva para dentro de uma Igreja. Para a comunidade cristã, não é apenas o espaço do sagrado, para o qual se deve aproximar com respeito, com comportamento e vestuário adequados, mas é um sinal da comunhão que une cada crente a Cristo: é o lugar do encontro e do diálo- go, da reconciliação e da paz que aguarda a visita de cada peregrino, o espaço da Igreja como uma comunidade dos fiéis.

O sinal da Porta lembra a responsabilidade de todo o crente quando este atraves- sa o seu limiar. Passar por aquela porta significa confessar que Jesus Cristo é o Senhor, revigorando a fé n’Ele para viver a vida nova que nos deu. É uma decisão que supõe a liberdade de escolher e ao mesmo tempo a coragem de abandonar alguma coisa, na certeza de adquirir a vida divina (cf. Mt 13, 44-46).

Dizia-nos Bento XI, na Bula de Proclamação do Ano da Fé: “A porta da fé (cf. At 14, 27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que trans- forma. Atravessar esta porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira” (Porta fidei, n.º 1). E diz-nos o Papa Francisco: “Agora chegou o momento de um novo Jubileu, em que se abre novamente de par em par a Porta Santa para oferecer a experiência viva do amor de Deus” (Spes non confundit, 6). O gesto expressa a decisão de seguir e deixar-se guiar por Jesus, que é o Bom Pastor. Afinal a Porta também uma passagem que leva ao interior de uma Igreja.

Data de abertura e encerramento:

Dezembro 2024

24 – Abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro | Roma

29 – Abertura da Porta Santa da Basílica de São João de Latrão | Roma 29 – Abertura Solene do Ano Jubilar nas Igrejas Locais (Dioceses)

Janeiro 2025

1– Abertura da Porta Santa da Basílica de Santa Maria Maior | Roma

5 – Abertura da Porta Santa da Basílica de São Paulo Fora dos Muros | Roma

Dezembro 2025

28 – Encerramento do Ano Santo, nas Igrejas particulares (Dioceses)

Janeiro 2026

6 – Encerramento da Porta Santa da Basílica Papal de São Pedro

3. A Reconciliação

O Jubileu é um sinal de reconciliação, pois abre um “tempo favorável” (cf. 2 Cor 6:2) para a própria conversão. Coloca-se Deus no centro de sua existência, mov- endo-se em direção a Ele e reconhecendo a Sua primazia.

A referência bíblica à restauração da justiça social e do respeito pela Terra brota de uma exigência teológica: se Deus é o Criador do universo, Ele deve ter prior- idade sobre todas as realidades e sobre todos os interesses particulares. É Ele quem torna santo este Ano, dando a sua própria Santidade.

“A Reconciliação sacramental não é apenas uma estupenda oportunidade es- piritual, mas representa um passo decisivo, essencial e indispensável no caminho de fé de cada um. Ali permitimos ao Senhor que destrua os nossos pecados, sare o nosso coração, nos levante e abrace, nos faça conhecer o seu rosto terno e compassivo. Na verdade, não há modo melhor de conhecer a Deus do que deix- ar-se reconciliar por Ele (cf. 2 Cor 5, 20), saboreando o seu perdão. Por isso, não renunciemos à Confissão, mas descubramos a beleza do Sacramento da cura e da alegria, a beleza do perdão dos pecados” (Spes non confundit, n.º 23).

Concretamente, é uma questão de viver o sacramento da reconciliação, de aproveitar esse tempo para redescobrir o valor da confissão e receber pessoal- mente a palavra do perdão de Deus. Existem algumas igrejas jubilares que ofere- cem essa possibilidade continuamente.

Por isso, diz o Papa Francisco, “as igrejas jubilares, ao longo dos percursos e em Roma, poderão ser oásis de espiritualidade onde é possível restaurar o caminho da fé e dessedentar-se nas fontes da esperança, a começar pelo sacramento da Reconciliação, ponto de partida insubstituível de um verdadeiro caminho de con- versão” (Spes non confundit, n.º 5).

No último ponto deste glossário (n.º 7), desenvolvemos a ligação entre este Sac- ramento e o dom da Indulgência jubilar.

4. A Oração

O próprio Jubileu de 2025 é precedido de um “Ano de Oração”. Na Carta ao Prefei- to do Dicastério para a Evangelização, o Papa exprimiu esse desejo:

“Neste tempo de preparação, desde já me alegra pensar que se poderá dedicar o ano anterior ao evento jubilar, o ano de 2024, a uma grande «sinfonia» de oração:

Oração, em primeiro lugar, para recuperar o desejo de estar na presença do Sen- hor, escutá-Lo e adorá-Lo.

Oração, depois, para agradecer a Deus tantos dons do seu amor por nós e louvar a sua obra na criação, que a todos compromete no respeito e numa ação concreta e responsável em prol da sua salvaguarda.

 Textos de word para lyroOração, ainda, como voz de «um só coração e uma só alma» (cf. At 4, 32), que se traduz na solidariedade e partilha do pão quotidiano.

Oração, além disso, que permita a cada homem e mulher deste mundo dirigir-se ao único Deus, para lhe expressar tudo o que traz no segredo do coração. E oração como via mestra para a santidade, que leva a viver a contemplação inclu- sive no meio da ação.

Em suma, um ano intenso de oração, em que os corações se abram para receber a abundȃncia da graça, fazendo do «Pai Nosso» – a oração que Jesus nos ensin- ou – o programa de vida de todos os seus discípulos” (Papa Francisco, Carta ao Arcebispo Fisichela, 11.02.2022).

Há muitas maneiras e muitas razões para orar; na base há sempre o desejo de se abrir à presença de Deus e à sua oferenda de amor. A comunidade cristã sente-se chamada e sabe que só pode recorrer ao Pai porque recebeu o Espírito do Filho. E é, de facto, Jesus que confiou aos seus discípulos a oração do Pai Nosso, também comentada pelo Catecismo da Igreja Católica (cf. CCC 2759-2865). A tradição cristã oferece outros textos, como a Ave Maria, que ajudam a encontrar as pala- vras para se dirigir a Deus: “É através de uma transmissão viva, tradição, que, na

Igreja, o Espírito Santo ensina os filhos de Deus a orar” (CCC 2661).

Os momentos de oração feitos durante a viagem mostram que o peregrino tem os caminhos de Deus “em seu coração” (Sl 83,6).

Também para esse tipo de descanso servem as paragens e as várias etapas, muitas vezes fixadas em torno de santuários ou outros lugares particularmente ricos do ponto de vista do significado espiritual, onde se percebe que – antes e ao mesmo tempo – outros peregrinos passaram e que caminhos de santidade per- correram essas mesmas estradas. As estradas que levam a Roma, na verdade, muitas vezes coincidem com a jornada de muitos santos.

O Dicastério para a Evangelização disponibiliza algumas ferramentas úteis para entender melhor e redescobrir o valor da oração. Para além das 38 catequeses sobre a Oração que o próprio Papa Francisco proferiu de 6 de maio de 2020 a 16 de junho de 2021, está a ser publicada, em português, pelas Edições Paulinas e pela Secretaria-Geral do Episcopado, uma coleção de “Apontamentos sobre a Oração”.

Trata-se de 8 volumes destinados a recolocar no centro a relação profunda com o Senhor, através das múltiplas formas de oração contempladas na rica tradição católica. Além disso, está disponível online um subsídio pastoral, em versão digi- tal, para ajudar as comunidades paroquiais, as famílias, os sacerdotes, os clérigos e os jovens a viver com maior consciência a necessidade da oração quotidiana.

5. A Liturgia

A Liturgia é a oração pública da Igreja: de acordo com o Concílio Vaticano II, é a “a meta para a qual se encaminha” toda a sua ação “e a fonte de onde promana toda a sua força” (Sacrosanctum Concilium, n.º 10).

No centro está a celebração eucarística, onde o Corpo e o Sangue de Cristo são recebidos: como peregrino, Ele mesmo [Jesus] caminha ao lado dos discípulos e lhes revela os segredos do Pai, para que possam dizer: “Fica connosco, pois é noite e o dia está a terminar” (Lc 24,29).

6. A Profissão de

A Profissão de fé, também chamada de «Símbolo», que encontramos no Cre- do, expressa o conteúdo central da fé e resume as principais verdades que um

crente aceita e testemunha no dia de seu Batismo e compartilha com toda a comunidade cristã para o resto de sua vida.

Existem várias profissões de fé, que mostram a riqueza da experiência do en- contro com Jesus Cristo. Tradicionalmente, porém, aquelas que adquiriram um reconhecimento particular são duas: o credo batismal da Igreja de Roma e o cre- do niceno-constantinopolitano, originalmente elaborado em 325 pelo Concílio de Nicéia, na atual Turquia, e depois aperfeiçoado no Concílio de Constantinopla em 381.

Diz-nos São Paulo: “Se com sua boca proclamares ‘Jesus é Senhor!’ e com o teu coração acreditares que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo. Pois, com o coração se acredita para obter justiça e com a boca se faz a profissão da fé para alcançar a salvação” (Rm 10,9-10). Este texto de São Paulo sublinha como a proclamação do mistério da fé requer uma profunda conversão, não apenas nas próprias palavras, mas também e sobretudo na própria visão de Deus, de si mesmo e do mundo.

“Recitar o Credo com fé significa entrar em comunhão com Deus, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e também com toda a Igreja que nos transmite a fé e no seio do qual acreditamos” (CIC 197).

Recordemos que, durante o próximo Jubileu, ocorrerá um aniversário muito sig- nificativo para todos os cristãos: completar-se-ão 1700 anos da celebração do primeiro grande Concílio ecuménico, o de Niceia.

O Concílio de Niceia é um marco miliário na história da Igreja. O aniversário da sua realização convida os cristãos a unirem-se no louvor e agradecimento à Santís- sima Trindade e, em particular, a Jesus Cristo, o Filho de Deus, «consubstancial ao Pai», que nos revelou este mistério de amor (Papa Francisco, Bula Spes non confundit, n.º 17).

7. A indulgência

Em boa verdade, a doutrina e a prática das indulgências na Igreja estão estreita- mente ligadas aos efeitos do Sacramento da Penitência, Confissão ou Reconcil- iação (CIC 1471), onde entram conceitos de não fácil apreensão, compreensão e tradução: culpa, pecado, perdão, pena, penitência, reparação, expiação, remissão, redenção etc.

O Catecismo da Igreja Católica define a indulgência deste modo: «A indulgência é a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições, pela ação da Igreja, a qual, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações de Cris- to e dos santos» (CIC 1471; cf. 1471-1479).

A problemática das indulgências é, sem dúvida, uma questão dogmática, psi- cológica e pastoralmente difícil (K. Rhaner), para já não falarmos das tristes ressonȃncias históricas, a que estão associadas, como uma espécie de céu ou de perdão ou de salvação comprados a troco de dinheiro ou de obras, feitas ou patrocinadas. Procuremos uma reflexão mais cuidada, num paciente percurso de reflexão em 5 pontos.

7.1.           A culpa não morre solteira

Nós, os católicos, acreditamos que o Sacramento da Penitência (Confissão ou Reconciliação) oferece ao pecador uma nova possibilidade de se converter e reencontrar a graça da salvação, obtida pelo sacrifício de Cristo. Confessando, de coração contrito, os seus pecados, o penitente recebe verdadeiramente o perdão e pode tomar parte de novo na Eucaristia, como sinal da recuperada comunhão com o Pai e com a sua Igreja.

Neste caso, o perdão do pecado e o restabelecimento da comunhão com Deus, através do Sacramento da Reconciliação, validamente celebrado, trazem consigo a abolição da pena eterna do pecado, que é redimida pelo perdão da culpa.

Mas a culpa não morre solteira. A realização da reconciliação com Deus não exclui a permanência de algumas consequências (sequelas) pessoais e sociais do peca- do, das quais é necessário ser purificado.

Subsistem, apesar do perdão divino, as penas temporais, uma vez que o pecado, como sabemos por experiência pessoal, deixa a sua marca, traz consigo conse- quências: não só exteriores, como consequências do mal cometido, mas também interiores. Assim, na nossa débil humanidade atraída pelo mal, permanecem

«efeitos residuais do pecado».

O efeito do pecado não é simplesmente anulado ou cancelado pelo perdão con- cedido por Deus, após o arrependimento do culpado, nem sequer pela simples reparação do mal feito. Todo o pecado, mesmo venial, traz consigo um apego

desordenado às criaturas, o qual precisa de ser purificado, quer nesta vida quer depois da morte, no estado que se chama Purgatório. Essa pena temporal apa- rece muitas vezes como uma espécie de expiação do mal realizado e pode ser entendida como um processo de reequilíbrio do Universo, cuja ordem foi pertur- bada pelo pecado. Portanto, esta correção ou reparação é efetuada pela chama- da «pena temporal».

Por isso, o cristão deve esforçar-se por aceitar, como uma graça, estas penas temporais do pecado, suportando pacientemente os sofrimentos e as provações de toda a espécie e, chegada a hora, enfrentando serenamente a morte: deve aplicar-se, através de obras de misericórdia e de caridade, bem como pela oração e pelas diferentes práticas da penitência, a despojar-se completamente do

«homem velho» e a revestir-se do «homem novo».

Uma conversão procedente de uma caridade fervorosa pode chegar à total puri- ficação do pecador, de modo que nenhuma pena subsista.

7.2.        Não há desculpas

O perdão de Deus, na verdade, anula a condenação ou a negação do culpado, devido à sua culpa, mas não a des-culpa, isto é, não dá o feito por não feito, não retira a responsabilidade a quem a tem. O perdão de Deus não é, neste sentido, um perdão desculpabilizante, na medida em que tornasse iguais os culpados e as vítimas. O perdão divino dá-se no reconhecimento da culpa, perdoada no Sacra- mento da Reconciliação, e no reconhecimento da necessidade de corrigir o que pela falta se deturpou e de reparar o mal provocado aos outros.

Deus não esquece nem ignora a culpa (seria ignorar as vítimas da ação culpada e seria ignorar o culpado enquanto tal), mas acolhe totalmente o culpado. Esse acolhimento é per-dão, ou seja, literalmente, é dom gratuito do próprio amor de Deus. Por isso, não há proporção entre o delito e a graça (Rm 5,15). A graça do perdão, que é perdão de graça, constitui esse excesso redentor.

7.3.        A reparação impossível

Mas perguntemo-nos: poderíamos nós, e com que tipo de pena ou penitência (na caridade efetiva) anular totalmente a culpa e reparar totalmente os efeitos do nosso pecado? Por maior que seja a reparação do mal feito, uma falta que implica a culpa, não pode ser anulada, de todo, em todas as dimensões.

Se isso não é, de todo, possível, seria desesperante. Mas se isso fosse possível, só pelo nosso esforço, seria presunção da nossa parte. Mas não. Quem salva o ser humano é a indulgência de Deus, o Deus indulgente, no excesso do Seu amor e não as obras expiatórias que cada pessoa ou comunidade possa realizar. Não somos nós que nos redimimos das nossas faltas cometidas, mas é Deus quem nos redime.

Nós simplesmente acolhemos essa redenção como dom de Deus, na medida em que, frente a Ele e frente aos outros, reconhecemos a culpa. É precisamente neste ȃmbito que ganha relevo a indulgência, através da qual se manifesta o dom total da misericórdia de Deus, que nos redime de toda a culpa, quando ela é assumida por nós.

Só um ato de redenção, só o excesso do perdão divino e não um simples ges- to humano reparador ou expiatório, só um dom gratuito e transcendente, nos poderiam reconduzir, com o nosso pecado e a nossa culpa, ao seio do Pai miser- icordioso.

7.4.        Sem méritos da nossa parte

É aqui que entra o dom da indulgência, concedido por Cristo, através da Igreja, enquanto comunidade de santos. Esta comunhão dos santos, que une os cren- tes a Cristo e uns aos outros, ensina-nos quanto pode cada um servir de ajuda aos outros — vivos ou defuntos — a fim de viverem cada vez mais intimamente unidos ao Pai celeste. Deste modo, instaura-se entre os fiéis um intercȃmbio maravilhoso de bens espirituais, em virtude do qual a santidade de um aprove- ita aos outros numa medida muito superior ao dano que o pecado de um pôde causar aos demais.

Há, na verdade, pessoas que deixam atrás de si uma espécie de saldo de amor, sofrimento suportado, pureza e verdade, que atrai e sustenta os outros. A isto se alude ao falar do «tesouro da Igreja», que são as obras boas dos santos.

Somos salvos não pelos nossos méritos. E se há méritos nos santos, de que so- mos todos beneficiários, a sua ação meritória só o é na medida em que é partic- ipação na santidade do Único que é Santo e que tudo santifica: o Espírito Santo.

Ora, pela comunhão solidária de bens espirituais, entre os membros do Corpo de Cristo, é possível que a pena temporal (a penitência devida aos efeitos tem- porais do pecado), seja reduzida ou mesmo superada com a ação boa de todo o

Corpo eclesial.

Em cada um dos seus membros age de forma plena a misericórdia do Pai, a própria redenção de Cristo, a obra do Espírito Santo.

E é essa ação redentora que, nas indulgências, nos absolve totalmente das fal- tas, em todas as suas dimensões. A purificação concedida pela indulgência liber- ta precisamente desta «pena temporal» do pecado.

Portanto, pela indulgência é concedida ao pecador arrependido, a remissão da pena temporal devida pelos seus pecados já perdoados quanto à culpa. Dito de outro modo, a indulgência permite libertar o coração do fardo do pecado, para que a reparação devida possa ser dada em total liberdade. Estes efeitos do pecado, que jamais estaríamos à altura de reparar, são redimidos pela indulgên- cia, por graça de Cristo, que é, de facto, «a nossa “indulgência”».

Com efeito os fiéis, ao receberem o dom das indulgências, compreendem que com as suas próprias forças, não seriam capazes de reparar o mal que, pelo peca- do, causaram a si mesmos e a toda a comunidade, e consequentemente sen- tem-se estimulados a realizar atos salutares de humildade.

A indulgência é, neste sentido, uma manifestação concreta da misericórdia de Deus, que transcende os limites da justiça humana e os transforma.

O Santo Padre, Papa Francisco, declara na Bula de proclamação do Jubileu que o dom da Indulgência “permite-nos descobrir como é ilimitada a misericórdia de Deus. Não é por acaso que, na antiguidade, o termo «misericórdia» era cambiáv- el com o de «indulgência», precisamente porque pretende exprimir a plenitude do perdão de Deus que não conhece limites” (Spes non confundit, n.º 23). A In- dulgência é, pois, uma graça jubilar.

Neste ȃmbito se enquadra a Tradição do Jubileu. Desde a sua origem judaica, que esta tradição está marcada precisamente pela consciência de que a ação de graça de Deus é excessiva em relação aos nossos esquemas justiceiros e meramente retributivos. E é esse excesso que marca a dimensão festiva e pere- grinante do Jubileu, no qual o povo peregrino bebe da sua fonte, que é Deus. Por isso mesmo se trata da graça, do gratuito, do que não é comprado nem merecido por nada, mas oferecido para além de tudo o que se possa esperar. A celebração do Jubileu orienta-se também no sentido do perdão das faltas. O perdão é-nos dado. As indulgências são a manifestação ritual e concreta desse dom, em que

se atualiza a ação redentora do próprio Deus.

7.5.        Disposições para acolher o dom da indulgência

A indulgência não pode ser vista “magicamente”, como um simples processo de transferência dos méritos do tesouro da Igreja, para os seus membros mais frágeis. Neste intercȃmbio de bens espirituais há sempre uma permuta, uma sinergia entre quem dá e quem recebe. Na verdade, a ação de Deus que perdoa redimindo e redime perdoando não é mágica nem automática. Há uma sinergia entre Deus e nós, uma ação em que tudo é feito simultaneamente por Deus e si- multaneamente por nós. Para acolher o dom da indulgência jubilar, é-nos pedida uma participação ativa, que se traduz em várias atitudes e práticas:

  1. uma peregrinação (física ou espiritual a lugares santos, igrejas jubi- lares, visita a doentes, visita aos presos etc)
    1. um arrependimento verdadeiro,
    1. a exclusão de qualquer apego ao pecado,
    1. a celebração sacramental da Reconciliação,
    1. a oração pelas intenções do Santo Padre,
    1. a Profissão de fé (recitação do Credo),
    1. A prática de obras de penitência, de obras de misericórdia, a que o Papa Francisco também chama “obras de esperança”.
    1. A participação plena na Eucaristia, com Sagrada Comunhão.

Nestas condições. todos os fiéis poderão obter do tesouro da Igreja a pleníssi- ma Indulgência, remissão e perdão dos seus pecados, que se podem aplicar às almas do Purgatório, sob a forma de sufrágio, nas sagradas peregrinações, nas piedosas visitas aos lugares sagrados, nas obras de penitência e de misericórdia.

Além disso, os fiéis poderão obter a Indulgência jubilar se, com ȃnimo devoto, participarem em Missões populares, em exercícios espirituais ou em encontros de formação sobre os textos do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica, que se realizem numa Igreja ou noutro lugar adequado, segundo a in- tenção do Santo Padre.

Aqueles que, por doença ou não, não podem se tornar peregrinos, no entanto, são convidados a participar do movimento espiritual que acompanha este ano, oferecendo seu sofrimento e seu quotidiano e participando da celebração eu- carística.

 Textos de word para lyroLuz da paz de Belém

Proposta de celebração

Objetivos:

  1. Tendo presente as palavras do Santo Padre, queremos suscitar “o anseio de confessar a fé”, intensificar “a celebração da fé”, credibilizar o “testemunho de vida dos crentes” e ainda “descobrir novamente os conteúdos da fé” (cf. Porta Fidei, 9).
  • Viver o tema proposto: Navegamos por Rotas de Alegria e Paz
  • Preparar os escuteiros e os paroquianos, para receber a Luz da Paz de Belém, comprometendo-se na partilha e encontro com outras pessoas.

Reforçar a comunhão com todas as pessoas que, pelo mundo inteiro, trabalham pela paz

Destinatários:

  1. Escuteiros
  • Comunidade Paroquial
  • Outros públicos em geral Momento de partilha da Luz:

Na Eucaristia:

  • Depois da oração pós-comunhão e antes da bênção final Em cerimónia para o efeito:
    • Mantém-se o modelo acrescentando um cântico no início, um durante a cerimónia da partilha da Luz e um no final da cerimónia.
    • Deve ler-se o Evangelho do dia no momento antes da partilha da Luz da Paz de Belém, deixando um momento de reflexão.

Introdução:


Desde 1989, a televisão pública Austríaca em conjunto com os Escuteiros e Guias Austríacos elegem uma criança que transportará a Luz desde Belém até ao seu país. Esta criança, escolhida pela inocência e pureza que transmite, desloca-se até à gruta de Belém e recolhe a chama que será transportada até Viena, na Áustria, onde se realiza uma cerimónia de intenso simbolismo na qual a chama é partilhada com delegações de Escuteiros e Guias de vários países.

É a esta grandiosa cerimónia que uma delegação portuguesa do Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português, se associou, transportando a luz até ao nosso país no dia 15 de Dezembro na Diocese do Algarve – Portimão.

E de candeia em candeia esta chama que foi acesa em Belém, e que já percorreu um total de 5600km sem nunca se apagar, chega finalmente esta comunidade/família (…).

(Neste momento a luz entra no espaço da Cerimónia)

Agora é a nossa vez!

É a nossa vez de aquecer os nossos corações com a Luz da Paz de Belém. Esta luz que é ao mesmo tempo tão frágil e tão poderosa.

Frágil porque é apenas uma pequena chama numa vela.

Poderosa pelo que representa e transmite ao coração de cada um de nós.

Esta é uma Luz que viaja de mão em mão sem se apagar. Que se reforça em cada partilha.

Que vive a Paz, comunga a Paz, soleniza a Paz, partilha a Paz e transmite a Paz em a cada um de nós, porque vem de Jesus Cristo, o Príncipe da Paz.

Assumimos, cada um de nós, o papel de mensageiros da paz através desta chama que vem desde Belém.

(Quando a vela chega ao espaço central/altar o Presidente acolhe-a e partilha-a com 3 ou 4 elementos dizendo: )

Recebei esta Luz da Paz que nos chega desde Belém e partilhai-a com cada pessoa que encontrardes.

Que este gesto de partilha leve o amor do Menino Deus a todos quantos a recebam e, através dela, a sua mensagem de Paz e Salvação.

(Depois cada um destes elementos partilha a Luz por toda a Assembleia e no final o Presidente termina com o envio: )

O Senhor esteja convosco.

R. Ele está no meio de nós.

Deus, que em Cristo manifestou a sua verdade e o seu amor, faça de vós mensageiros do Evangelho da Paz

e testemunhas do seu amor no mundo.

R. Amen.

Nosso Senhor Jesus Cristo,

Luz dos povos que resplandece no rosto da Igreja,

dirija os vossos passos, confirme as vossas palavras e dê fecundidade aos vossos

gestos.

R. Amen.

O Espírito do Senhor esteja sobre vós, para que, percorrendo os caminhos do mundo,

possais evangelizar os pobres e consolar os corações atribulados.

R. Amen.

A bênção de Deus omnipotente, Pai, Filho e Espírito Santo,

desça sobre vós e permaneça para sempre.

R. Amen.


Ide e levai a Luz da Paz de Belém a todos. Partilhai-a com alegria e entusiasmo.

Levai com ela um sorriso de esperança e um abraço de Paz.

E mostrai-a na vossa janela na Noite de Natal.

Ide em Paz e o Senhor vos acompanhe.

R. Amen

O fundador da Companhia de Jesus nasceu no Castelo de Loyola, em Azpeitia, região basca ao norte da Espanha, em 1491. Filho de família cristã da nobreza rural, o mais novo de 13 irmãos e irmãs foi batizado como Iñigo. Mais tarde, entretanto, mudaria seu nome, passando a assinar Inácio. Em 1506, quando tinha aproximadamente 15 anos, Inácio colocou-se a serviço de Juan Velázquez de Cuéllar, ministro do Tesouro Real durante o reinado de Fernando de Aragão.

 Textos de word para lyroAos cuidados de seu protetor, recebeu esmerada forma- ção, aprimorou sua cultura e tornou-se exímio cavaleiro, mostrando inclinação pelas aventuras militares. E, como descreveu na sua autobiografia, até os 26 anos de idade, “tinha sido um homem entregue às vaidades do mundo”.

Essa história começou a mudar de rumo em 1517, quando Juan Velázquez caiu em desgraça e Inácio passou a servir ao duque de Nájera e vice-rei de Navarra, Antônio Manri- que, participando de vários combates militares. Em 20 de maio de 1521, ao tentar, sem sucesso, proteger Pamplona (capital de Navarra) dos invasores franceses, Inácio foi feri- do por uma bala de canhão que, além de partir sua perna direita, deixou lesões na esquerda. O grave ferimento foi fundamental para a mudança radical que aconteceria na sua vida.

Durante o período de convalescença no Castelo de Loyola, como não havia livros de Cavalarias -seus preferidos-, Inácio dedicou-se à leitura de Vida de Cristo, escrita por Ludolfo da Saxônia, e de uma coletânea Vida dos Santos. Foi após o contato com os livros religiosos que ele percebeu, com atenção e paciência, que as ambições mundana lhe cau- savam alegrias efêmeras, meros prazeres, ao passo que a entrega a Jesus Cristo lhe enchia o coração de alegria du- radoura. Essa conSolação foi, para Inácio, um sinal de Deus.

Já recuperado e com o forte desejo de mudanças na sua vida, Inácio decidiu partir rumo a Jerusalém. Saindo de Loyola, seguiu em peregrinação para Montserrat. No cami-

nho, doou as suas roupas de fidalgo a um pobre, passando

a usar trajes rústicos.

A espada foi deixada no altar da Igreja de Nossa Senhora de Montserrat, após uma noite de oração. Em Manresa, Iná- cio abrigou-se numa cova, vivendo como eremita e mendi- go, passou pelas mais duras necessidades. Mas o seu obje- tivo era maior: queria ter serenidade para fazer anotações num caderno que, mais tarde, iria se transformar no livro dos Exercícios Espirituais, considerado até hoje um de seus mais importantes legados. Após essa experiência, Iná- cio seguiu na sua longa peregrinação até Jerusalém, onde permaneceu por um tempo.

De volta à Europa, sofreu perseguições e incompreensões que lhe fizeram perceber a necessidade de estudar para melhor ajudar os outros. Em 15 de agosto de 1534, na ca- pela de Montmartre, em Paris, Inácio e seis companheiros – Francisco Xavier, Pedro Fabro, Afonso Bobadilha, Diogo Laínez, Afonso Salmeirão e Simão Rodrigues – fizeram vo- tos de dedicarem-se ao bem dos homens, imitando Cristo, peregrinar a Jerusalém e, caso não fosse possível, apresen- tar-se ao Papa, com o objetivo de se colocarem à disposi- ção do Pontífice.

Um ano depois, os votos foram renovados por eles e mais três outros companheiros – Cláudio Jaio, João Codure, Pas- cásio Broet.

Por meio da bula Regimini militantis Ecclesiae, a Compa- nhia de Jesus (em latim, Societas Iesu, S. J.) foi aprovada ofi- cialmente pelo Papa Paulo III, em 27 de setembro de 1540. No ano seguinte, 1541, Inácio foi eleito o primeiro Superior Geral da Ordem, passando a viver em Roma. Dedicou-se à função preparando e enviando os jesuítas ao mundo todo, servindo a Igreja e escrevendo as Constituições da Compa- nhia de Jesus. Em 31 de julho de 1556, muito debilitado, Inácio morre em Roma. A sua canonização aconteceu em 12 de março de 1622, pelo Papa Gregório XV.

 Textos de word para lyroTomai Senhor recebei

 Textos de word para lyrooice

Intro: Dó      Rém             Mim Rém

Dó     Rém             Mim

Tomai Senhor, e recebei

Lá m                     Mim  Lá m        Sol

Toda a minha liberdade, a minha memória

Fá         Lá m

E o meu entendimento,

Sol

Toda a minha vontade,

Fá                 Lá m

E tudo o que eu possuo.

Sol    Fá         Dó Vós me destes, a vós o restituo. Dó    Rém      Mim

Tudo é vosso, disponde.

Lá m               Mim

Pela Vossa vontade

Lá m                 Sol

Dai-me apenas, Senhor,

Fá     Lá m

O vosso amor e graça

Sol            Dó

Que isso… me basta.

5    Lam                                  Mim             Lam                         Sol

 Textos de word para lyro


 Textos de word para lyrodai-me_a-pe-nas Se – nhor                 o Vos-so_A – mor                                                       e

32   Lam                               Sol                                   Do


Oração de S. Inácio

Tomai Senhor, e recebei

Toda a minha liberdade, a minha memória E o meu entendimento,

Toda a minha vontade, E tudo o que eu possuo.

Vós me destes, a vós o restituo. Tudo é vosso, disponde.

Pela Vossa vontade

Dai-me apenas, Senhor, O vosso amor e graça Que isso me basta.

Oração do Escuta

Senhor Jesus

Ensinai-me a ser generoso,

A servir-Vos como Vós o mereceis, A dar-me sem medida,

A combater sem cuidar das feridas, A trabalhar sem procurar descanso,

A gastar-me sem esperar outra recompensa, Senão saber que faço a Vossa vontade santa. Ámen.

INÁCIO DE LOIOLA E A COMPANHIA DE JESUS: A COMPANHIA DE

JESUS EM TEMPO DE MUDANÇA António Vaz Pinto, S.J. *

Inácio de Loiola – O contexto familiar e pessoal

Quando em 1491, no País Basco, nasce o décimo terceiro e último filho dos Senhores de Loiola, Iñigo, nada fazia prever que iria ser Santo e que, apesar da sua pequena estatura física, viria a ser uma das maiores figuras da história da Igreja e até da humanidade.

Inácio – assim passou, mais tarde, a chamar a si próprio, por devoção ao grande Inácio de Antioquia e por ser um nome mais enraizado no seu tempo e no seu meio, brota de uma família nobre, valente e por vezes violenta, localmente poderosa mas com ligações impor- tantes de parentesco e amizade com os grandes do mundo daquela época.

Dizia alguém, a propósito dos nobres do “século do oiro” espanhol: “homens com uma fé de apóstolos e os sete pecados capitais”. Era o caso de Inácio de Loiola, já então com uma fé inabalável, como mostram as circunstâncias do cerco de Pamplona, mas orientado pelos interesses e valores de um nobre cavaleiro do final da Idade Média, que ressoam fortemente na parábola do Rei Temporal dos Exercícios Espirituais: lealdade, fidelidade, honra, grandes ideais e coragem até ao fim.

Até aos 26 anos de idade, foi homem dado às vaidades do mundo e deleitava-se no exercício de armas com um grande e vão desejo de ganhar honra. Tudo isto, primeiro em Loiola e arredores, mas sobretudo em Arévalo, ao serviço de Juan Velásquez de Cuéllar, Contador-mor (Ministro das Finanças) de Castela e membro do Conselho Real de Fernan- do, o Católico.

Mais tarde, serve o seu parente António Manrique de Lara, duque de Nájera e Vice-Rei de Navarra.Foram pelo menos 11-13 anos de educação informal, de contactos, de aventuras, conflitos e mulheres, de corte. Como dizia o P. Polanco, seu confidente, “embora fosse aficionado à fé, não vivia nada conforme com ela, nem se guardava de pecados, antes era especialmente travesso em jogos e em coisas de mulheres e em revoltas e coisas de armas”.

Era este o nosso homem, baixo, corajoso, bom negociador, activo e simultaneamente re- flexivo, cheio de pecados, desejos e sonhos que vai “aterrar” no cerco de Pamplona.

Em 1521, dá-se o “feliz desastre” de Pamplona: a sua coragem e determinação, a sua ca-

pacidade de liderança não são suficientes para salvar a praça de Pamplona, sitiada pelos

atacantes, entre os quais estavam presentes os irmãos de Francisco de Xavier.

Derrota, graves ferimentos físicos, uma das pernas coxa para sempre, perigo de morte. É levado aos ombros, em liteira, até Loiola, a casa paterna, pelos inimigos.

 Textos de word para lyroEm Loiola, passou algum tempo em perigo de vida, imobilidade forçada e convalescença longa em que, para passar o tempo, toma contato com dois livros que constituíam a bi- blioteca daquela casa, nobre e rica: “a Vida de Cristo” e a “Vida dos Santos”. É na silenciosa revolução interior, no combate dos espíritos, nas angústias e hesitações, que Loiola vai ganhar asas.

a – De Loiola a Jerusalém – de cavaleiro a peregrino

Finalmente, na água do baptismo começa a florir, um novo horizonte e rasga-se uma nova

paixão e um novo ideal surgem: Jesus Cristo.

Jesus Cristo é agora o seu novo Senhor, o seu amor, sem hesitações e sem medos, procura conhecê-Lo, amá-Lo, segui-Lo, dando um novo sentido à sua vida.

Neste momento de viragem, a que se segue a velada de armas em Montserrat, o envergar o traje de mendigo, Inácio de Loiola é apenas o peregrino, só e a pé, em direção a Jeru- salém, porque em Jerusalém viveu, morreu e ressuscitou Jesus Cristo. Nada mais o ocupa ou preocupa: oração, penitência, austeridade, seguimento de Jesus, um simples “eremita itinerante”.

Esse Deus que entra abruptamente na vida de Inácio de Loiola, que Se lhe revela como o único Absoluto feito homem e carne, com um rosto e um nome, Jesus Cristo, uma vez descoberto e encontrado, marca-o para sempre.

Depois da conversão de Loiola, da confissão geral, velada de armas e mudança de traje em Montserrat e depois das profundas e dramáticas experiências interiores em Manresa, incluindo a chamada “exímia ilustração”, junto ao rio Cardoner, Inácio de Loiola é já um outro homem.

Com jejuns e penitências corporais contínuas, horas de oração, confissão e comunhão frequentes, pedindo esmola para comer, tomando notas das suas luzes e experiências, ocupando-se ainda em “ajudar algumas almas que ali o vinham procurar” (RP n. 26), Inácio de Loiola é já um homem novo, pobre, apaixonado por Cristo e desejoso de peregrinar a Jerusalém.

Estes meses na cova de Manresa, quase um ano, com os seus períodos de paz e alegria, de lutas interiores e escrúpulos e, finalmente, de extraordinárias iluminações e ilustrações, são o grande momento interior da sua vida, contendo as sementes e os futuros de Exercí- cios Espirituais, quer da própria Companhia de Jesus.

Como ele próprio afirma, “neste tempo, Deus tratava-o da mesma maneira que um mes- tre-escola trata um menino, ensinava-o” (RP. 28).

O cavaleiro que serve o Rei terreno, torna-se assim o peregrino que busca o Rei eterno.

b – De Jerusalém a Paris – de peregrino a estudante

Não cabe, neste documento, refazer em pormenor todo este período de estudos e ama- durecimento espiritual de Inácio de Loiola. Relembremos apenas os tópicos essenciais:

Em 1523, chega a Jerusalém; em 1525, está de regresso a Barcelona estudando “Gramáti- ca”; em 1526, parte para Alcalá, estudar “Artes”, de onde sai para Salamanca, em princípio de Julho; em meados de Setembro de 1527, sai de Salamanca e, passando por Barcelo- na, dirige-se a Paris, onde entra em Fevereiro de 1528, para estudar latim, no Colégio de Montaigu.

Em Paris, em Setembro de 1529, muda-se para o Colégio de Santa Bárbara onde conhece

e se torna amigo de Pedro Fabro e Francisco de Javier.

Ao nível de estudos, em Paris, consegue o grau de bacharel em Artes, em 1532, a licencia- tura em 1533, é mestre em Artes, em 1534.

No dia 15 de Agosto do mesmo ano de 1534, já com os primeiros companheiros, faz os chamados “Votos de Montmartre”.

Mais do que este percurso exterior e académico, importa-nos acompanhar o percurso interior do que se passou, na mente e no coração de Inácio de Loiola. Profundamente tocado pela graça e transformado pelo Espírito, impedido de permanecer na Terra Santa, o novo Inácio, de costas voltadas para o passado, tem que viver e que deitar contas à vida. Confiante, disponível, aberto, querendo seguir e servir o Senhor Jesus Cristo, Inácio não sabe ainda o que Deus quer de si no futuro, mas já vai sabendo o que Deus quer dele no presente: o seguimento de Jesus e o “ajudar as almas”, partilhando com os outros a pro- funda e riquíssima experiência de Deus que o próprio Deus lhe fez viver e que facilmente Inácio intui que não era só para si.

Este longo período que vai desde Jerusalém, 1523, até aos votos de Montmartre em 1534, 11 anos, é pois um período de maturação, polarizado no seguimento de Jesus, na Igreja e na ajuda ao próximo. Os próprios estudos, empreendidos já com alguma idade, não são para Inácio uma “carreira docente”; são apenas e só um “instrumento”, a conceptualização da sua própria experiência de encontro com Deus e a condição imposta pela Igreja, para “poder ajudar as almas”.

Neste longo tempo de estudo e de peregrinação, além dos locais acima citados, esteve ainda na Flandres, na Inglaterra, em Loiola, sua terra natal, não contando com as suas travessias da Itália, na ida e vinda de Jerusalém – peregrinações estas sempre só e a pé – neste longo tempo, dizia, Inácio foi amadurecendo e Deus foi-o amadurecendo.

Importante também neste período e amadurecimento, foram as suspeitas, calúnias e perse- guições que quase sempre o acompanhavam. Calúnias e suspeitas das pessoas que saíam prejudicadas pelas profundas mudanças que através de Inácio se operavam; e, talvez mais graves e sérias, as desconfianças e acusações surgidas no seio de uma Igreja desconfiada e receosa, que tinha a Inquisição a funcionar e que naqueles que eram piedosos e menos ortodoxos no seu viver, buscava a nova “seita” dos “alumbrados”, os iluminados.

Na autobiografia e no seu estilo seco e despojado, Santo Inácio conta-nos este lastro de difamações e perseguições, prisões e julgamentos que o vai acompanhando e o vai fa- zendo mudar de cidade – Alcalá – Salamanca – até aportar em Paris.

Mas a sua vida não era só oração, estudo e peregrinações; progressivamente, a outra ver- tente, a ajuda aos outros, apesar da teologia não estar ainda terminada, vai-se consolidan- do e aperfeiçoando. Na verdade, esta ajuda ao próximo, para lá do testemunho pessoal que atraía e impressionava, vai-se concretizando em três linhas principais, diferentes mas complementares: a conversa ou trato pessoal com os outros, a prática de dar Exercícios Espirituais, ainda rudimentares e em forma incipiente, e, finalmente, a procura de amigos e companheiros que o quisessem acompanhar no seguimento de Jesus.

Dizem os principais biógrafos que Inácio começou a elaborar e a escrever o futuro livro dos Exercícios Espirituais durante ou depois da experiência de Manresa. Tem toda a lógi- ca: é a grande experiência espiritual da sua vida, ele tem o hábito de refletir e de escrever e as luzes que recebe, que vão da Trindade à Eucaristia, passando pela Encarnação, não se podem perder. Por outro lado, quer a sua experiência passada de vida mundana e de pecado, quer as suas novas experiências depois da conversão, de despojamento, oração, peregrinação, humilhações, confiança, etc., vão podendo ser sistematizadas e integradas nessa proposta completa e integral de peregrinação cristã que constitui os Exercícios Es- pirituais e que a partir dessa objetivação pode ser oferecida e proposta aos outros. O livro dos Exercícios Espirituais não foi, nem podia ser, um livro que ele tivesse escrito num momento feliz de inspiração. Foi antes um livro que ele foi escrevendo ao longo da sua vida, ensaiando, experimentando, completando, desde o “esboço” inicial de Manresa, até à aprovação final e papal, como documento oficialmente aprovado pela Igreja, em 1547, já depois de aprovada a Companhia e na ponta final da sua vida.

Este livro que se vai completando e estruturando, sem pressas, torna-se o privilegiado instrumento para levar os outros até Deus e simultaneamente para fazer companheiros, para construir uma comunidade cristã, embora ainda informe e sem estrutura.

Falhadas, por vários motivos, as suas tentativas de constituir uma pequena comunidade

cristã, coesa, homogénea, estável, em Alcalá e em Salamanca, é finalmente em Paris, com

estudantes universitários de várias nações e origens, que o milagre acontece.

Primeiro Fabro, depois Javier, em breve mais 4, entre os quais o português Simão Rodrigues, o núcleo original dos 7 fundadores da Companhia, a que não tardam a juntar-se vários outros.

Por esta altura, em Paris, ainda não há Companhia de Jesus, mas está a nascer, do grupo

inicial, só Pedro Fabro era sacerdote mas todos os outros estão a acabar os seus estudos.

O grupo já estava coeso e unido, a amizade em torno de Inácio de Loiola tinha-os torna- do “amigos no Senhor”. A decisão surge clara para cada um: “ir a Veneza e a Jerusalém e ali gastar a sua vida em proveito das almas; e se não conseguissem autorização para permanecer em Jerusalém, voltariam para Roma e apresentar-se-iam ao Vigário de Cristo para que os empregasse onde considerasse que seria maior glória de Deus e proveito das almas. Determinaram também que esperariam um ano a embarcação em Veneza e que se naquele ano não saíssem naves para levante, ficariam livres do voto de Jerusalém e se apresentariam ao Papa” (R.P. 85). São as próprias palavras de Inácio, na Autobiografia.

Tendo feito também, cada um, o voto de castidade e de pobreza, fizeram este voto de irem para Jerusalém e, caso não fosse possível, em alternativa, de se oferecerem ao Papa, como Vigário de Cristo – é o chamado «Voto de Montmartre», feito com grande conso- lação diante de Cristo sacramentado na missa celebrada por Pedro Fabro, na Festa da Assunção de Nossa Senhora, a 15 de Agosto de 1534, na capela da Igreja de Montmartre.

 Textos de word para lyroEste grupo internacional de cristãos universitários, estudantes de teologia e preparando-se para o sacerdócio, ainda não é uma ordem religiosa: não está estruturado, nem tem regra, não tem líder institucional, nem está reconhecido pela Igreja. No entanto, o voto de Mont- martre é um momento chave na génese da Companhia, esta nova ordem que está a nascer.

c – De Paris a Roma – de estudante a homem da Igreja

Jerusalém mostra-se inviável devido à ruptura entre Veneza e os Turcos que impossibilita as viagens. Encontram-se em Veneza, onde Inácio, vindo da terra natal, já os espera. São ordenados sacerdotes e antes de seguir para Roma, a alternativa prevista em Montmartre, rezam e deliberam, durante 40 dias; dividem-se depois por grupos, começam a pregar e decidem tomar o nome de Companhia de Jesus, “visto que não tinham cabeça nenhuma entre si, nem outro prepósito a não ser Jesus Cristo, a quem unicamente desejavam servir, parecendo-lhes que deveriam tomar o nome daquele que tinham por cabeça” (FN I, 204).

Com esta decisão de permanecerem juntos, de tomarem nome, de começarem a pregar, a fazer apostolado, e de se irem oferecer ao Papa, nasceu, de facto, embora ainda não juridicamente, a Companhia de Jesus.

Finalmente, em finais de Outubro de 1537, a caminho de Roma. E neste caminho, a cerca de 16 km de Roma, sentiu Inácio “uma grande mudança na sua alma e viu claramente que Deus Pai o punha com o seu Filho, parecendo-lhe ver Cristo carregando com a cruz e junto a Ele o Pai eterno que Lhe dizia: quero que tomes a este por teu servidor. E Jesus mesmo, o tomava e lhe dizia: quero que tu Nos sirvas” (RP, 96). E ainda: “Em Roma vos serei propício” (FN II, 133). É a famosa “visão de la Storta”, o grande “selo místico” confirmativo, recebido por Inácio e transmitido aos companheiros.

Em Roma onde, como em Veneza, são de novo caluniados e absolvidos, os companheiros saltam de casa em casa, até se instalarem, finalmente, em 1541, numa casa perto de Santa Maria da Estrada, continuando sempre a assistência a pobres a doentes e a catequese e pregação pelas ruas e igrejas da cidade.

No período de Março a meados de Junho de 1539 deliberam e expressamente decidem a formação de uma nova ordem religiosa, ideia que encontra oposição de alguns responsáveis eclesiais. Mas em Setembro, Paulo III aprova oralmente a fórmula do Instituto que o Cardeal Contarini lhe lê, mandando-o expedir o breve correspondente e finalmente a 27 de Setembro de 1540, já com Rodrigues e Javier enviados a caminho de Lisboa e da Índia, é aprovada a Com- panhia de Jesus, pela Bula “Regimini militantis Ecclesia”, ainda com a limitação a 60 do número de professos. Em 1550, Júlio III, o novo Papa, volta a confirmar a Companhia.

Em 1541, começam os companheiros as reuniões para discutir e redatar, conforme a Bula, as Constituições da Companhia de Jesus. Em 19 de Abril do mesmo ano, Santo Inácio aceita, finalmente, o cargo de Prepósito Geral, para o qual tinha sido eleito, por unanimi- dade. A 22 de Abril, os companheiros presentes em Roma fazem a sua profissão solene, na Basílica de S. Paulo extra-muros.

Está finalmente fundada, no espírito e no corpo, a Companhia de Jesus.

Com frequentes períodos de doença e de fortes dores, Inácio governa a Companhia, como Geral, troca uma massa imensa de correspondência com pessoas de dentro e fora da Com- panhia, e vai trabalhando, especialmente com a ajuda do seu secretário Juan de Polanco, nas várias versões das Constituições, que só depois da sua morte, na 1ª e 5ª Congregações Ge- rais, são finalmente fechadas e aprovadas pela própria Companhia e sancionadas pelo Papa.

Tendo tido a alegria de ver o livro dos Exercícios Espirituais oficialmente aprovado e lou- vado pela Igreja, em 1547, a 31 de Julho de 1556, Inácio de Loiola morre discretamente em Roma. Nessa data, já havia mais de mil “Companheiros de Jesus”.

Nesse mesmo ano de 1556 abdica no seu filho Filipe II, o Imperador Carlos V. Estes, os principais acontecimentos deste fecundo período. Mas, vamos ao seu significado, que é o mais importante.

Em Paris, o conjunto internacional de estudantes universitários que se vai reunindo à volta de Inácio, sobretudo através do seu exemplo, das conversas, acompanhadas da prática cristã mais óbvia e dos Exercícios Espirituais, torna-se um grupo cristão espontâneo, lide- rado carismaticamente por Inácio, o mais velho e o mais experiente, “em coisas do mundo e em coisas de Deus”, uma comunidade de jovens já então apaixonados por Jesus Cristo, querendo-O seguir radicalmente – daí o “natural” voto de pobreza e castidade – e queren- do, cada um, dedicar a sua vida à ajuda, concretamente, à salvação das almas.

Os tempos em que vivem, se conhecem e estudam, são difíceis: Lutero e Calvino “estão no ar”, a crise do Papado é indiscutível, a ameaça política e militar do Islão é real. Tudo isto se vivia, se falava e discutia. Centrados em Paris, a mais luminosa universidade da época, nada disto lhes era desconhecido ou lhes passava ao lado.

Em termos eclesiais, a sua “opção prévia” estava feita ou fez-se então: apesar dos escândalos e da crise, só há uma Igreja, a que é regida pelo Papa de Roma, “o Vigário de Cristo”. Mas face a esta mesma Igreja que reconhecem e que, apesar de todas as fraquezas humanas, respeitam, ao longo do tempo de Paris eles não são mais do que um grupo ou comunidade informal de jovens estudantes de teologia, apaixonados por Cristo, vindos de vários países e origens, cheios de entusiasmo e generosidade. Nem mais nem menos. É o fim dos estudos e a consequente aproximação da eventual dispersão que os leva ao voto de Montmartre, expressão da sua von- tade de permanecerem unidos na vida e no apostolado.

E só a tentativa fracassada de partir e permanecer em Jerusalém é que os leva ao reen-

contro em Veneza e os obriga à deliberação (1539) que vai desembocar na decisão de

constituir uma nova ordem religiosa. Até então, não têm nenhuma regra nem obediência, nem sequer a Inácio…

Assim, curiosamente, a obediência, que é o último “elemento” a aparecer no seu comum percurso espiritual, obediência antes de mais ao próprio “Vigário de Cristo”, ao serviço do qual se vão colocar, e obediência ao Prepósito Geral que posteriormente hão-de eleger, vai-se tornar o “timbre” e a “pedra de toque” dos membros da Companhia de Jesus, obe- diência religiosa, é certo, mas radicada nas exigências de missão.

Este lugar de excelência da obediência na estrutura mental do jesuíta e de toda a Compa- nhia de Jesus é claramente vincado na famosa “Carta da Obediência”, escrita aos estudantes jesuítas de Coimbra e na expressão por ele mesmo consagrada onde afirma que “o especial voto de obediência ao Papa é o princípio e fundamento de toda a Companhia de Jesus”.

Longo percurso o percorrido por Inácio e os seus companheiros. Nascidos na Igreja, vivendo nela, estudando e crescendo nela, apesar das suas debilidades e fraquezas, é nela que querem perma- necer e lutar. Oferecem–se a Deus, na Igreja, através da proposta de uma nova ordem religiosa que se põe ao serviço do Vigário de Cristo para a missão. E o Vigário de Cristo, ao aceitar a oferta, reco- nhecendo e oficializando a sua iniciativa, sela definitivamente o seu percurso e a sua eclesialidade.

De facto, com os seus companheiros do grupo de Paris, Inácio de Loiola, estudante, tor-

nou-se homem da Igreja.

As consequências desta “história” concreta, conduzida por Deus, far-se-ão sentir na histó-

ria da Igreja, da Companhia e do Mundo.

Fontes

  • RP – Relato do Peregrino – El Peregrino. Autobiografia de San Ignacio de Loyola. Col. Manresa. Mensagero. Sal Terrae.
  • RI – Recuerdos Ignacianos. Memorial de Luís Gonçalves da Câmara. Col. Manresa. Mensagero.

Sal Terrae.

  • FN – Fontes Narrativi, Roma 1943.
  • P. M. Collins e M. A. Price, História do Cristianismo. Liv. Civilização Ed., 2000.
  • João Ameal, História da Europa, vol III. Ed. Verbo, 1983.

*António Vaz Pinto, S.J.Inácio de Loyola e a Companhia de Jesus: a companhia de Jesus em tempo de mudança, inActas da VII Semana de Estudos de Espiritualidade Inaciana: Companhia de Jesus ontem, hoje, amanhã, pág11-24 (e ss.)

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DINÂMICA DIA DO PATRONO II SECÇÃO | S. TIAGO 2022 Olá Explorador/Moço/Aventureiro Conheces a lenda da “Barca de Pedra”? Segundo reza a lenda, no ano 40 do primeiro milénio transportou o corpo do Santo peregrino desde Jaffa na Palestina até Campus Stella na Galiza. Desafiamos-te a procurar saber mais pormenores sobre esta fascinante história que propõe recriar, na costa portuguesa, o “Caminho Marítimo de Santiago”. Como vivência do Dia do Patrono da II Secção, este ano, convidamos-te a dar largas à criatividade e embarcar nesta Expedição, da seguinte forma: – Elabora com a tua Patrulha uma pequena embarcação à vela a partir de materiais reciclados/reutilizados. Na vela, identifica a tua Patrulha e o Agrupamento a que pertences; – Faz uma regata com as outras Patrulhas no local mais próximo onde isso for possível:  No mar;  Num rio;  Numa ria;  Numa lagoa;  Num riacho;  Num lago… – Regista o momento e partilha connosco nas redes sociais com o hashtag #escutismo Proposta de vivência da fé Lc 5, 1-11 «Naquele tempo, Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se em seu redor para ouvir a palavra de Deus. Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes. Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões. Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avança para águas mais profundas, e lançai as vossas redes para a pesca”. Simão respondeu: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescámos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”. Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase se afundarem. Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!” É que o espanto apoderara-se de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens”. Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus.» Desafios: Estou sempre atento às palavras de Jesus? Que desejo tenho de escutar a palavra de Deus? O que sinto em mim quando me ponho à escuta de Jesus? Tenho vontade de o seguir? Pedro, Tiago e João confiaram em Jesus e fizeram a maior pescaria de sempre. E eu, confio do mesmo modo em Jesus?